Estamos vivendo, segundo Prem Baba, um momento raro, que é a revolução da consciência.
Quando pensamos em transição planetária, surgem vários questionamentos sobre o momento atual. Será que estamos onde deveríamos estar em relação à evolução? Diante das dúvidas que surgem ao sentirmos pessoas ainda involuídas, houve um equívoco na evolução? Apesar da revolução tecnológica, os humanos podem estar muito aquém de uma revolução da alma? Prem Baba, que sempre foi um estudioso profundo dos mistérios da vida, admite que a questão é complexa e requer atenção.
“Minha intenção é lançar luz sobre esse fenômeno que está se dando no planeta, que é uma mudança na cultura global, e oferecer conhecimento para que as pessoas possam atravessar esse ciclo com mais doçura, porque essa transição provoca sofrimento”, explica Prem Baba.
Prem Baba lembra o significado da palavra Parivartan, grande mudança, que é evocada diariamente nas orações da tradição hindu para uma ampliação da consciência e da percepção, e que se traduz em uma nova maneira de viver. “A oração termina dizendo Dayalu Bhav Se Ho – que seja com doçura, com suavidade.”
Além disso, Prem Baba diz que não sabe dizer se estamos onde deveríamos estar. “Eu sei que estamos onde nós conseguimos estar, mas esse não é o lugar em que gostaríamos de estar. Olhando para o mundo à nossa volta, nós percebemos uma realidade que não é agradável para a maioria das pessoas. O mundo vibra numa grande crueldade”, lamenta ele.
Para Prem Baba, não escolhemos estar onde estamos conscientemente. Ele considera que não houve um único equívoco, mas muitos equívocos em relação à evolução. Isso ocorre porque o livre arbítrio está limitado, ou é filtrado por um ego disfuncional. Mesmo tendo um poder de escolha, é uma escolha que nasce de uma disfunção.
“Eu poderia falar aqui de muitos desses equívocos, como, por exemplo, um equívoco em relação a como lidar com a saúde. Esse é um dos pilares que sustentam a evolução da consciência. Em algum momento nós focamos na doença e não na saúde”, afirma Prem Baba.
Por conta desses equívocos, na visão de Prem Baba, direcionamos muita energia, conhecimento e dinheiro no desenvolvimento de remédios para tratar de doenças, que geram mais doenças.
“Com isso, geramos um círculo vicioso extremamente nocivo para a evolução da consciência, porque nos tornamos reféns da doença e solidificamos uma crença, um dogma que nos desvia da realidade, nos desvia da verdade de quem somos e do que viemos fazer aqui”, ressalta Prem Baba.
“A nossa atenção vai para fora e vamos alimentando a ideia de que somos um corpo e nos distanciando da verdade de que somos seres espirituais vivendo em um corpo material, vivendo uma aventura na matéria. Esse é um dos equívocos que precisa ser corrigido. Em algum momento, vamos ter que olhar de frente para isso.”
De maneira idêntica, outro engano é acreditar que a felicidade está lá fora e que ela pode ser comprada. “Você foi levado a acreditar que a felicidade depende daquilo que você tem e não daquilo que você é. Esse é um grande equívoco que estruturou muitos dos nossos grupos e instrumentos de socialização. Estes instrumentos organizam a vida em sociedade, como, por exemplo, a educação, a política, a economia. Contudo, muitas vezes isso está sendo sustentado nesse equívoco, que se retroalimenta”, destaca Prem Baba.
O principal mal-entendido, porém, é o que Prem Baba chama de subestimar o poder da sombra. “Observando a maioria das transmissões espirituais que foram concedidas à humanidade, todas desconsideraram o poder da sombra. Fala-se de um mal que está lá fora e que precisamos nos proteger dele; de um demônio do qual precisamos nos defender. É um grande equívoco e, por conta dessa desatenção quanto a onde de fato está o mal, nos tornamos reféns dele. É ele quem comanda nossas escolhas e decisões”, revela Prem Baba.
Com efeito, na verdade, muitas tentativas de mudar esse jogo foram feitas com a vinda de vários mestres mostrando o caminho da liberação. Entretanto, o fato é que, até hoje, poucos puderam ouvir e colocar em prática. Prem Baba acredita, porém, que hoje estamos vivendo um momento raro.
“Nas minhas pesquisas no mundo interior, eu observei que outra chance como essa só foi possível há setenta mil anos, quando de fato aconteceu uma revolução cognitiva e o ser humano desenvolveu capacidades como a imaginação e a cooperação. Foram elas que fizeram com que chegássemos até aqui”, reconhece Prem Baba.
Prem Baba entende que estamos diante de uma oportunidade provocada pela revolução tecnológica – talvez a quarta ou a quinta onda, que acontece em uma velocidade vertiginosa.
Para Prem Baba, “em poucos anos, vamos olhar para trás e não reconheceremos esse mundo, por conta especialmente da tecnologia de informação e da internet das coisas, que estão mudando nossa forma de viver no mundo”. “Estamos desenvolvendo um grande poder através da tecnologia, que pode auxiliar em um salto evolutivo ou pode nos destruir, dependendo de quem usa esse poder. Acredito que estamos muito aquém de uma revolução da alma ou, como eu prefiro dizer, de uma revolução da consciência.”
Nesse meio tempo, Prem Baba lembra que toda revolução precisa ser provocada, e que nós estamos aqui provocando essa revolução. “A revolução da consciência está acontecendo. Essa revolução propicia que possamos conhecer nosso lado sombrio, de maneira que não sejamos mais refém dele e assim que possamos iluminar o amor”, enfatiza Prem Baba.
Sob o mesmo ponto de vista, Prem Baba reitera que o principal equívoco foi termos nos distanciado do coração. “Foi necessário desenvolver a razão, o determinismo científico, mas hoje estamos prontos para ir além. Por exemplo, de onde vem a maldade? Se olharmos sob o ângulo da neurociência veremos que determinados comportamentos destrutivos como tendências suicidas ou assassinato estão ligadas a alguns problemas no cérebro”, explica.
Só para exemplificar, Prem Baba recorda uma pesquisa sobre uma pessoa que havia cometido assassinatos, manifestando um caráter absurdamente cruel e destrutivo, e que tinha um tumor no cérebro. Quando o tumor foi removido, essa pessoa se pacificou.
“A tendência à crueldade era causada pelo tumor no cérebro. No entanto, este é apenas um dos aspectos da verdade. Por que, o que causou o tumor? Pode haver várias explicações: herança genética e outra série de influências”, diz Prem Baba. “Na essência, o poder do ser não está podendo se expressar por conta dos condicionamentos psicoemocionais. O que gera a doença é exatamente o poder do ser contido por conta dos condicionamentos. É o distanciamento do ser que provoca a doença, tanto que uma pessoa se aproxima da saúde de fato tomando consciência dos segredos dela, das coisas que ela não consegue contar nem para ela mesma. A vergonha é uma porta de entrada para cura real, para atingirmos a causa do desequilíbrio.”
Para Prem Baba, estamos vivendo um momento raro em que temos a possibilidade de dar um salto, mas isso depende do comprometimento que assumimos com a abertura dos caminhos para que esse poder do ser possa se expressar. “O poder do ser é o que eu tenho chamado de amor. A doença é o amor contido, é o amor represado. É isso que tem causado todas as distorções em todos os campos”, acrescenta ele.
Outro ponto observado por Prem Baba é que não estávamos maduros o suficiente para lidar com a nossa sombra. “Fomos levados a acreditar que o mal estava lá fora, mas ele está dentro de nós. O mal é aquilo que divide, que separa, aquilo que machuca. Hoje, já estamos em condições de olhar para isso. Como resultado desse reconhecimento eu tenho focado nesse assunto. Para aqueles que se aproximam de mim, eu digo: no início, direcione a sua energia e o seu tempo para investigar o sabotador da felicidade. Quem em você está trancando o seu coração? Quem é em você que está comprometido com a destruição?”.
Em sua experiência, Prem Baba diz que, ao colaborar com essa revolução de consciência, a pessoa pode se tornar um canal do amor e ao amar quem está próxima a ela, vai irradiando esse sentimento.
“Nesse ciclo do tempo, ficam mais visíveis os contrastes, a gente vê o preto mais preto e o branco mais branco. De fato, isso vai continuar se acentuando, é muito importante saber navegar nesse mar revolto por conta dos contrastes, das polarizações, especialmente as pessoas mais sensíveis”, relata Prem Baba. “É preciso ter disciplina para fazer sua prática espiritual e se dedicar aos estudos como algo tão importante como se alimentar e se higienizar. Do contrário, você é consumido por esse vórtice de energia.”
Nessa evolução da consciência, estamos passando por uma “atualização no sistema”. Alguns estão, inclusive, observando sintomas dessa atualização, tais como: insônia; reações no cérebro; sensações de desmaio; dores inexplicáveis (nas articulações e ossos); ondas de desespero; e pânico sem relação com atual situação de vida.
“São experiências que só podem ser chamadas de transpessoais: você sente o corpo expandir, diminuir, experiencia os sonhos mais loucos que você já teve. Tudo isso faz parte dessa atualização do sistema. Estou citando somente alguns dos sintomas. Com toda a certeza isso vai exigir de você uma mudança na sua alimentação, na sua rotina e outras alterações. De fato, a progressão vai exigir várias coisas para fazer com que seu corpo vibre em uma frequência mais, sutil”, alerta Baba.
Prem Baba exemplifica que, na experiência, a sensação é de estar vivendo em dois mundos – às vezes mais que dois — simultaneamente. “Você está no céu e no inferno quase que ao mesmo tempo. Tudo isso são sintomas dessa transição. Dessa maneira, dar conta significa não surtar, não enlouquecer. Porque a alma está expandindo numa velocidade e seu corpo não dá conta de acompanhar, não entende o que está se passando. É provável que, por conta disso, às vezes você somatize, adoeça sem saber nem de onde vem a doença e nem por que”, conta Prem Baba.
Não podemos negar que a revolução de consciência está acontecendo. É isso que vai abrir caminhos para uma nova maneira de viver na Terra; uma nova maneira de nos organizarmos socialmente.
“Observe que o desafio evolutivo é amar uns aos outros e sermos amigos uns dos outros, temos que nos sentir iguais, independentemente das diferenças, porque elas são superficiais. Temos que conseguir olhar além dessa casca”, diz Prem Baba. “O tanto de pessoas comprometidas com o despertar do amor está crescendo a cada dia. No entanto, eu compreendo quem se desanima quando olha para o entorno e vê tanta crueldade, tanta ignorância, tanta maldade. Ainda assim, é importante se firmar no amor, no perdão que pulsa em você e confiar que ele vai vencer e que essa crueldade que está se manifestando é parte desse expurgo.”
Você chegou até aqui em sua jornada, então agora vale a pena ler sobre o amadurecimento do ser humano e o começo da busca pela verdade. Neste texto, Prem Baba se vale de algumas referências fundamentais nessa busca. Leia agora!