Satsangs

Prem Baba transmite seus ensinamentos ao redor do mundo, por meio de encontros presenciais e virtuais.

Nessa sessão você encontrará alguns de seus “satsangs”(palavra Hindi que pode ser interpretada como palestra) descritos.

Você pode filtrar por palavras chave ou temas e acessar o conteúdo transcrito.

Ahimsa – Não Ferir a Si Próprio, Não Ferir a Nada nem a Ninguém
Arte e transformação da consciência. A tomada de consciência da autodestrutividade e a saída do ciclo vicioso. Uso da energia vital e redirecionamento dos vetores da vontade. Iluminação espiritual e chakra do coração. Amor, autoperdão e humildade. Respiração e auto-observação como práticas da Testemunha para distanciar-se do pequeno eu. Conexão com o Grande Espírito cantando, dançando e ficando quietinho.
Sachcha Dham Ashram, Rishikesh - Índia
4/2/2017

(Peça sobre Mahatma Gandhi)

Sri Prem Baba: João Signoreli está ha muitos anos interpretando o Gandhi no Brasil, levando a mensagem da não violência a diferentes grupos, diferentes comunidades no Brasil, usando a arte cênica como instrumento como expansão da consciência. E esse é um exemplo a ser seguido pelos artistas que estão comigo, de usar esse talento, esse dom, como veículo da mensagem de transformação da consciência. Obrigado João.

E temos muitas outras coisas boas sendo preparadas para serem lançadas em breve. Considero que a arte pode ser um grande instrumento de transformação da consciência. Requer apenas um redirecionamento da energia vital que está sendo utilizada através dos dons e talentos para a direção espiritual. Tem muita coisa boa chegando nessa área.

Gandhi é conhecido na Índia como Mahatma – grande alma. Muitos o veem como um político que usou a não violência como estratégia para vencer uma batalha contra o Império Britânico, com o objetivo de libertar a Índia. Mas ver Mahatma Gandhi apenas como um político é limitado. Deus coloca seus homens em lugares estratégicos, de acordo com a necessidade. Tudo o que se passa aqui nesse plano é um jogo, é um grande teatro. E alguns atores, muitas vezes, estão até mesmo inconscientes dos papéis que estão interpretando, mas estão servindo a um propósito maior.

Percebo que Mahatma Gandhi, essa grande alma, veio com a missão de lembrar esse mundo que é possível viver sem violência; que é possível ganhar uma batalha sem usar uma arma. Como interpretar isso? Com a pavimentação da estrada da iluminação espiritual porque, para se realizar espiritualmente, se faz necessário erradicar toda a violência do nosso coração. Para abrir o chakra coronário, é preciso abrir o chakra cardíaco. Isso é lei, é a mecânica desse mundo. Antes de se iluminar, inevitavelmente você precisa se render ao amor, ou seja, antes de iluminar a si mesmo, você precisa servir aos homens infelizes desse mundo; você precisa amar e levar luz aos seres humanos que estão sofrendo. Para que possa abrir as mil pétalas do lótus espiritual que se encontra no topo da cabeça, primeiro é preciso abrir as doze pétalas do chakra do coração. E, para isso, se faz necessário eliminar a violência que o habita.

Ahimsa é uma palavra em sânscrito que se tornou bastante popular no mundo ocidental. Mas, mesmo no oriente, onde ela nasceu, poucos de fato conhecem o seu significado mais profundo e dão a ela uma interpretação mecânica. O que é ahimsa? Mecanicamente as pessoas respondem: não violência. E dessa forma, ela se tornou uma palavra vazia de significado. Ahimsa significa não ferir absolutamente nada. Não ferir a si mesmo e consequentemente não ferir ao outro. Não causar dano físico, emocional ou mental. Desenvolver essa virtude da alma é absolutamente fundamental para a realização espiritual.

Eu acredito que, a essa altura do nosso trabalho, você já esteja consciente de que o primeiro passo em direção à erradicação da violência é tomar consciência dela. Porque você só pode curar aquilo que você diagnosticou. Você pode transformar apenas aquilo que já teve a chance de conhecer.

A verdade impermanente do pequeno eu pode ser absurdamente desagradável. A tomada de consciência da sua violência pode ser extremamente dolorida, mas é absolutamente necessária. Encarar a verdade transitória do pequeno eu é uma passagem para se alcançar a verdade permanente do eu real. É como dizer que se faz necessário viver as alegrias e as misérias do amor humano para poder abrir espaço ao amor divino. A evolução se dá um chakra após o outro, por isso, eu compreendo profundamente o que você me diz aqui:

Pergunta: Amado Guruji, estou começando a ver como a energia da minha força vital foi usada em padrões negativos, vícios e destrutividade. Como resgato essa energia vital? Não sei muito bem o que fazer nesse momento. Não estou vivendo de verdade e, ao mesmo tempo, há uma parte que não quer se comprometer com a Luz.

Prem Baba: O que posso lhe dizer? Parabéns! Parabéns pela honestidade. Isso significa que você começou a se mover, começou a sair do círculo vicioso, embora você ainda se perceba dentro dele.

Você começou a romper a cadeia, porque começou a tomar consciência da violência consigo mesmo. Você começou a tomar consciência do mal que está fazendo a si mesmo e, consequentemente, do dano que está causando a quem está ao seu redor. Você está tomando consciência de que está andando na contramão da vida. Se para realizar a grande meta da vida, que é se iluminar espiritualmente, é preciso amar, deixando de machucar a si mesmo e ao outro, então você está na contramão da vida. Isso significa que você está usando o seu poder e a sua inteligência; você está usando o repertório adquirido até aqui para machucar e ser machucado – porque não é possível fazer mal ao outro sem fazer mal a si mesmo. Estamos todos interconectados. Não é possível odiar a si mesmo, não é possível punir a si mesmo, sem machucar quem está ao seu redor.

Essa tomada de consciência, por mais desagradável que seja, é o primeiro passo para a liberação. Não se preocupe em saber o que fazer. É exatamente o oposto, você tem que realmente aprender a deixar de fazer, porque tudo o que você tem feito até aqui é destruir. Porque o seu fazer é uma reação, é o passado reagindo em você; é você se vingando do mundo, é você tentando fazer justiça com as próprias mãos, tentando provar para o mundo que ele não foi generoso com você. É você tentando dizer para o mundo que ele não foi acolhedor. Essa autopunição, essa autodestrutividade é você esperneando.

Começou a enxergar? Agora respire. Respire e vagarosamente comece a se distanciar disso que você está vendo. Procure criar uma distância desse eu vingativo que te habita. Procure criar uma distância entre você, que é a testemunha, e esse eu vingativo, que escolheu a pior maneira de se vingar, que é destruindo a si mesmo para chamar atenção. Escolheu não dar certo na vida como estratégia de vingança. Escolheu usar sua energia vital em padrões negativos, vícios e destrutividade.

Esse resgate não acontece de uma hora para outra; é um processo, como a lagarta que se transforma em borboleta. Para se transformar em uma borboleta precisa mesmo estar em um casulo, que é um lugar de purificação, que é um lugar onde você começa a reconhecer as bobagens que tem feito e, durante um tempo, precisa lidar com a culpa até que possa transitar da culpa para o arrependimento. As lágrimas do autêntico arrependimento lavam o seu coração e iluminam o perdão. E o perdão te liberta. O perdão é a liberação da ignorância; a libertação do passado. Se você perdoa mesmo, o passado desaparece. Aí você deixa de reagir, a vingança desaparece. Aí você olha para trás e não se reconhece mais, aí você passa a agir. Agir é o amor em movimento.

Se você está me ouvindo com atenção, perceberá que praticamente toda a minha transmissão é uma maneira de acordar ahimsa, a não violência. É uma forma de iluminar o amor e todas as suas dimensões, especialmente a humildade e o perdão, e consequentemente, a gratidão. Porque quando você de fato toma consciência do que está fazendo consigo mesmo e de como está usando equivocadamente os presentes que Deus lhe deu; quando toma consciência da estupidez e da ignorância, o orgulho se quebra. Aí você começa a se mover em direção à humildade e realmente abre espaço para o amor.

Você diz: não estou vivendo de verdade. Esse é o primeiro raio de verdade que está iluminando o seu caminho. É a consciência que você não está vivendo de verdade. Não está mesmo! Está atuando na sua criança ferida, vivendo um drama de horror, uma vida de plástico, uma vida artificial, porque você precisa usar máscaras para sobreviver a tanta dor.

Está começando a sentir a vida vibrar em você e a primeira vibração da vida talvez seja esse desconforto, essa percepção de que tem alguma coisa errada com suas escolhas, suas decisões. Esse é o início do renascimento. Nesse momento minha sugestão é: simplesmente observe isso passar em você, se torne um observador passivo, procure criar uma distância entre você e esse eu destrutivo. Aí, devagarinho, você vai perceber que ele não é você. Porque, se você pode observá-lo, então ele não é você. Aos poucos, você vai receber a devida orientação para reorientar os vetores da sua energia vital, redirecionar os vetores da vontade, que é o maior poder da alma, e que nesse momento está sendo utilizada por canais impróprios. E a única maneira de você redirecionar os vetores da vontade é através de tapasya – austeridades – e  sadhana – prática espiritual. Única maneira. Não existe outra. Assim é. Assim as coisas funcionam nesse plano da existência.

Essa é a essência. A essência do que você precisa saber. Seu desafio é transformar esse conhecimento em sabedoria através da prática. Eu reconheço o seu esforço, que inclui viajar de tão longe para estar aqui sentado comigo. Estou recebendo seus esforços. Essa é uma forma de austeridade, a peregrinação espiritual é uma forma de austeridade. Às vezes se faz necessário atravessar grandes turbulências para alcançar a meta, porque as forças contrárias às vezes são muito intensas. O que são as forças contrárias? Este poder direcionado à destruição; o seu próprio poder usado para a destruição, que às vezes se conecta com o poder de outros, porque ninguém quer estar no inferno sozinho.

Esse ano foi intenso para muitos, para muitos. Alguns mais, o povo do Brasil, o povo da Turquia, o povo da França, da Síria, da Venezuela, agora o povo do Chile. Muito medo foi ativado. O amor e a fé foram severamente testados. Mas que bom que você conseguiu atravessar tudo isso e pôde chegar até aqui. Em tempos de transição, tudo chacoalha mesmo. Eu tentei ao máximo te preparar, cheguei a relatar claramente que tudo isso aconteceria.

Mas, but...

Que me importa o sofrimento

Que me traz o desamor

Se com ele eu aprendo

Qual é o verdadeiro amor?


No casulo, a lagarta sofre uma fricção para poder se transformar em borboleta. São dores do crescimento. Assim é. O que fazer? Sabe como eu faço quando as coisas ficam difíceis? Eu canto... danço... E se fica muito difícil, eu fico bem quietinho. Bem quietinho! Basicamente é assim que eu vivo: cantando, dançando e ficando bem quietinho. Cantar é um poderoso instrumento de reconexão com o grande espírito.

NARAYAN NARAYAN NARAYAN NARAYAN NARAYAN OM NAMO NARAYANAYA OM NAMO NARAYANAYA OM NAMO NARAYANAYA HARI OM HARI OM HARI OM

Até um próximo encontro.

NAMASTE