Satsangs

Prem Baba transmite seus ensinamentos ao redor do mundo, por meio de encontros presenciais e virtuais.

Nessa sessão você encontrará alguns de seus “satsangs”(palavra Hindi que pode ser interpretada como palestra) descritos.

Você pode filtrar por palavras chave ou temas e acessar o conteúdo transcrito.

Autorrealização e Liberação dos Rastros Ancestrais
Abertura da nova temporada e homenagem à Grande Mãe Divina na forma de Yemanjá. Os músicos tocaram músicas em homenagem à Yemanjá, celebrada no dia 2 de fevereiro, no Brasil. A interdependência entre nossa ancestralidade e as dimensões psíquicas transpessoais. A necessidade de eliminar as contradições para o Ser fluir livremente. A autorrealização e a necessidade de coerência entre pensamento, palavra e ação.
Sachcha Dham Ashram, Rishikesh - Índia
2/2/2017

(Tocam músicas em homenagem à Yemanjá)

Sri Prem Baba: Essas músicas são louvores e formas de oração para a Grande Mãe Universal. Hoje - dia dois de fevereiro - muitas comunidades no Brasil estão fazendo reverências para um aspecto específico da Grande Mãe, que é a Rainha do Mar.

Essa última canção é um pedido de reparação das relações, especialmente as relações familiares, e a última frase da canção diz assim: “Transmute em suas águas profundas os terrores dos meus ancestrais”. Porque, muitas vezes, sem saber, estamos sendo influenciados pelos terrores dos nossos ancestrais, especialmente as feridas de humilhação, de exclusão, de abandono.

A dor gerada por esses choques reverbera durante muitas gerações e às vezes, hoje, você sofre por coisas que não compreende e que não consegue fazer relação de causa e efeito, porque existe uma dimensão do nosso psiquismo que podemos chamar de transpessoal. Essa dimensão está além do ego, além da biografia, mas te influencia muito intensamente. Isso ocorre por que existe uma interdependência com absolutamente tudo, mas principalmente com nossa ancestralidade. Muitas vezes entidades da nossa ancestralidade estão sofrendo e aguardando cura através de nós, esperando que alguém dentro dessa descendência, alguém dentro dessa linha, amadureça o suficiente para iluminar determinadas dimensões do amor que quebram as correntes, que derrubam as paredes da prisão.

Na realidade a prisão não existe. No nível do espírito ela não existe, mas no nível da mente ela existe. E às vezes, para que possamos alcançar a dimensão do espírito, se faz necessário iluminar essas dimensões do amor que possibilitam que nos desidentifiquemos dessas criações da mente. Porque determinadas criações da mente, que são alimentadas por emoções negativas e recriadas a cada impulso emotivo, só se dissolvem quando determinadas dimensões do amor são iluminadas, pois essas dimensões do amor têm a característica da luz; e a luz dissolve a escuridão, que são essas criações da mente. Somente essas dimensões do amor podem interromper o círculo vicioso do sadomasoquismo.

Então, nesse dia dedicado à Grande Mãe Universal, que muitas vezes eu chamo de ‘O Sagrado e Eterno Feminino que nos habita’, estamos iniciando uma nova temporada. Estamos abrindo mais um portal espiritual que nos possibilita ascender às dimensões do espírito, que nos possibilita acessar quadrantes da consciência que normalmente não temos acesso.

Com as graças do Guru, com as graças de Sachcha Baba, estamos tendo essa oportunidade. Aqui, neste lugar sagrado, aos pés dos Himalaias, na beira do Rio Ganges, nesta terra abençoada pelos pés de tantos santos, tantos yogues - temos essa chance de relembrar das coisas do espírito; temos a chance de trilhar o caminho da iluminação, que passa pelo caminho do coração e que inclui episódios de cura. Porque só é possível acordarmos plenamente, quando tivermos nosso coração limpo de toda discórdia.

Parte crucial desse processo é eliminarmos as nossas contradições - é eliminarmos os nãos para a união, para a construção, para o amor, para a prosperidade, para a saúde... Ou seja, eliminar os nãos para o fluxo do Ser, nos permitir confiar na guiança do Grande Espírito que nos habita.

Devido aos choques de dor experienciados durante a existência, desenvolvemos medos e talvez um dos principais aspectos do medo seja o controle. O ego tem essa fantasia de controle. Ele acredita que controla. E é verdade que ele tenta controlar. Ele faz tudo o que pode para controlar. Então, depois de sofrer muito, ele descobre que não controla nada. O que estamos tentando fazer é eliminar o sofrimento da equação. E isso é possível somente se você se liberta do controle. Mas você só se liberta do controle se você o conhece. Você só se liberta de um não, quando você o enxerga e compreende o que está dando sustentação para esse não.

Existem áreas na vida em que você já pode confiar. E você sabe que pode confiar porque, nessa área, tudo flui. Nessa área você está em harmonia com a lei do mínimo esforço, ou seja, com o mínimo esforço, grandes coisas acontecem. Você não se amedronta com os desafios e se sente abençoado, se sente com sorte, porque tudo flui. Você sente o universo conspirando a seu favor. Então, essa área não é um problema para você.

Algumas pessoas têm a área financeira desimpedida; o dinheiro não é problema para elas. Sempre que elas têm uma necessidade, o dinheiro chega. Outras pessoas têm a área do trabalho mais livre. Elas se sentem encaixadas e têm alegria para acordar de manhã. Sentem que estão no lugar certo, na hora certa.

Mas existem áreas da vida onde as coisas não andam e você se sente sem sorte, porque você se esforça, você dá o seu melhor, mas você continua ali se sentindo andando em círculos, porque nessa área você ainda não confia na existência; você não confia na guiança, no comando do Eu Maior. Você é conduzido pela crença de que, se você se deixa levar, você vai se machucar. Essa contradição precisa ser identificada. Até que possamos ter pensamento, palavra e ação alinhados a única direção. Um sim para o fluxo. Você deixa de se opor ao fluxo.

A autorrealização do Ser inclui a necessidade de coerência entre pensamento, palavra e ação. E a incoerência ou as contradições têm base nessas feridas ancestrais que ainda não tivemos a chance de curar, porque ainda não amadurecemos o suficiente, porque ainda não juntamos todas as peças do quebra-cabeças. Então se faz necessário continuar o processo de autoinvestigação, o processo de autoconhecimento até que possamos nos libertar do passado.

A autorrealização só é possível no momento presente. Você renasce no espírito quando morre para o passado e se liberta da sua história. Mas essa liberação só ocorre através da compreensão.

Estou me fazendo compreender? Posso tentar com outras palavras:

Autorrealização significa acordar do sonho em que você acredita ser a sua história ou um personagem da sua história. Mas, para se desidentificar da sua história, se faz necessário acordar as dimensões do amor, pois elas dissolvem todas as algemas que te prendem ao passado.

O que te prende ao passado? Ações inacabadas. Podemos também traduzir o karma como ações inacabadas. Por exemplo, você tem vontade de pedir perdão para o seu pai, mas não pede. Então o seu pai morre e você fica com aquilo guardado. Você tem vontade de amar uma pessoa, mas não ama. Chega o momento que essa pessoa morre ou vai embora da sua vida definitivamente e você fica carregando esse sentimento de que não viveu aquilo que tinha para ser vivido. Em outras palavras, você fica carregando uma conta aberta - você deixa um rastro.

E, além dos seus rastros, também existem rastros que ancestrais deixaram e que estão buscando reparação através de você. Às vezes aguardando que você amadureça o suficiente para perdoar, por você e por eles; aguardando que você amadureça para amar, por você e por eles. Essas são as dimensões do amor: perdão, amizade, confiança, liberdade, gratidão, honestidade, respeito, para citar algumas dimensões do amor, que são como remédio espiritual. Remédio espiritual para a ferida do não que carregamos. Remédio espiritual para as feridas de ódio, de medo, de controle.

Então, por essas águas navegaremos ao longo desse um mês e meio em que esse portal estará aberto. Alguns vão ter a chance de relembrar aquilo que já souberam um dia. Porque o esquecimento faz parte desse plano: você lembra e esquece; você acha e perde; você abre e fecha. É natural. Até que toda contradição seja eliminada, até que você possa se afinar com a sinfonia cósmica e possa sustentar o coração aberto. Até que você tenha um bilhete só de ida para o céu. Só de ida!

Estou aqui para te incentivar a renunciar ao ódio e ao medo. Como é viver sem medo? Talvez essa possa ser uma boa meta: viver sem medo. Ah! Viver sem medo! Sem medo de que vai faltar alguma coisa, sem medo de que você vai ser abandonado, de que você vai ser traído, sem medo de que você vai ficar sozinho, sem medo da solidão. Qual o melhor sinônimo para isso? Talvez liberdade. Talvez... Liberdade. E o que é liberdade? Talvez seja viver sem medo. Talvez... Seja viver sem medo.

Mas, para viver sem medo, você percebe que tem muito lixo para limpar? Muito lixo na mente? Muito lixo no seu corpo emocional? Que você tem que se libertar de muitas crenças? Crenças que eu estou chamando de passado. Palavras... Estou tentando fazer o melhor uso das palavras, mas não é tão fácil.

Só o amor te liberta dessas crenças. O amor só pode existir onde não tem medo. Onde tem medo, não tem amor. Onde tem medo, não tem amor. Às vezes vemos a antítese do amor como o ódio. Mas muitas vezes eu vejo que o medo também é uma antítese do amor. Talvez esse binômio, medo e ódio, seja a antítese do amor. Mas na base está o medo, porque é o medo que gera o ódio. É o medo que usa o ódio par se defender. Nosso grande desafio é nos libertarmos do medo.

Eu sei que esse é um grande desafio. Ainda mais neste momento do planeta, onde existem tantos estímulos para o medo. Mas eu posso afirmar, que a grande maioria que está aqui escolheu estar aqui agora, escolheu estar encarnados nesse corpo, neste momento do planeta. Sua personalidade pode ter se esquecido disso; ela pode não saber, mas o espírito sabe. Então, alguma noção você tinha dos desafios que você enfrentaria para poder iluminar o amor nesse mar de medo.

Eu quero desejar a você um bom trabalho. Que você possa receber aquilo que veio buscar. E aqueles que precisarem passar por episódios de cura, que seja com doçura. Essa é a minha oração. Se você tiver que sofrer, que você sofra com paciência, porque às vezes é inevitável, porque o ego está no controle e tem uma parte em você que diz: “Eu não dou, eu não dou, eu não dou. Não solto, não solto, não solto”. Mas aí, estando nessa situação, é inevitável que a máquina de lavar tenha que ser colocada na posição de centrifugação e aí você tem que decidir: ou você vai embora e vai amortecer isso aí de alguma maneira ou se entrega para a “lavação”.

Ótimo! Que Maharajji possa nos conduzir. Que Ele possa nos proteger. Que ele possa fazer com que nossa jornada tenha conforto.

Começou! Aí é natural que alguns vão rir, outros vão chorar. É uma loucura Divina! Ótimo! Tudo o que acontece aqui é bom. É assim que eu vejo. Essa é a confiança que eu tenho no meu Guru. Tudo o que Ele me dá é bom.

Vamos seguir cantando para a Mãe na forma da Rainha Yemanjá. E se tiver necessidade e mais tempo, canta para outra Mãe. Porque Mãe é Mãe! “Aqui eu saúdo, ó Mãe das Águas, que lava o meu corpo e lava a minha alma.”

Estou vendo a luz de Sachcha se expandir na China. A cada ano, o grupo está crescendo. Excelente!

Que o Amor e a Sabedoria iluminem cada passo da sua jornada. Até um próximo encontro.

NAMASTE