Satsangs

Prem Baba transmite seus ensinamentos ao redor do mundo, por meio de encontros presenciais e virtuais.

Nessa sessão você encontrará alguns de seus “satsangs”(palavra Hindi que pode ser interpretada como palestra) descritos.

Você pode filtrar por palavras chave ou temas e acessar o conteúdo transcrito.

Como Direcionar o Foco para o Divino?
Não importa quão profunda e antiga seja a escuridão, uma fresta de luz a dissipa. Queremos viver na graça e no amor divinos. A vida material é só um aspecto da vida espiritual. A purificação dos sentidos é necessária para que o poder da vontade seja usado pela alma. A importância da autoinvestigação. Só o amor dissipa a escuridão. O que é divino não se corrompe. Quando os sentidos estão purificados, ocorre a entrega do coração para Deus e ele age através de você.
Sachcha Dham Ashram, Rishikesh - Índia
8/2/2018

Sri Prem Baba: JAY HO, JAY HO. JAY SITA RAM, JAY HANUMAN, JAY NARAYANA, JAY NARAYANA, JAY NARAYANA

Jay, ou Jay ho, quer dizer vitória. Vitória da verdade sobre a mentira. Vitória da luz. 

Não importa quão profunda e antiga seja a escuridão, como a escuridão de uma caverna, uma fresta de luz a dissipa. Um instante do amor divino, e os medos se dissipam. O que queremos é viver nesse amor, livres de medos. Estamos querendo viver em Deus, viver na graça – na graça do amor – que é Deus. 

Para isso estamos aqui, aprendendo a sintonizarmos com essa luz e a sustentar essa sintonia. O caminho para sustentar essa sintonia envolve oração, seva, meditação, auto-investigação. Até que possamos purificar por completo os sentidos e, consequentemente, purificar o coração. Assim temos acesso à consciência do eu maior. E, tendo acesso à consciência do eu maior, os apegos se quebram e podemos ter fé plena em Sachcha; podemos ter devoção sincera e estável. Fé plena e devoção estável. 

Eu coloco bastante ênfase no processo de purificação, porque compreendo que é onde reside o maior desafio. Como fazer com que nossos sentidos foquem no Divino? Como conectar o nosso coração com o Divino, se há tanto tempo os sentidos vêm sendo focados nas criações do ego? Como trazer a mente e o coração de volta para o espiritual, levando em consideração que o karma determina que você esteja no mundo e, estando aí, facilmente você é levado a acreditar que o mundo é o foco e a espiritualidade é só para as horas vagas? É como se a espiritualidade fosse somente um aspecto da vida material, quando a verdade é exatamente o oposto: a vida material é só um aspecto da vida espiritual. 

Então, considero que essa purificação seja a fase mais desafiadora. Porque é como uma reprogramação. Dentro desse processo de purificação surgem muitas questões. 

Purificação é uma palavra para esse redirecionamento dos vetores da vontade. Enquanto os sentidos estiverem a serviço da mente condicionada, a vontade será utilizada para satisfazer caprichos do ego, emoções negativas, que é o que faz a mente entrar em decadência; ela é arrastada para os submundos, onde habitam os demônios internos. O trabalho é trazer a mente de volta, purificar os sentidos para que o poder da vontade seja usado pela alma, para a realização. 

Esse trabalho envolve disciplina. A mente está desgovernada há muito tempo, por isso requer disciplina e dedicação para que você possa voltar a governá-la. Para alguns, voltar a governá-la; mas a grande maioria vai governá-la pela primeira vez, porque nunca viveu essa experiência de ter a mente sob o seu governo. Estou falando ao longo das eras. 

Nessa altura, eu acho que fica bem claro que o principal desafio e o principal material de escola que temos são os relacionamentos, as relações humanas. É na interação com o outro que a gente tem a chance de subir e descer, abrir ou fechar, expandir ou contrair, porque a relação estimula os sentidos e todos os conteúdos da mente. Claro que a essa altura sabemos que existe um objetivo, que é conseguirmos nos relacionar de uma forma construtiva. O que é relacionar-se de forma construtiva? É relacionar-se sem machucar, sem se machucar e sem machucar o outro. 

Olhando para a humanidade a gente percebe que estamos muito distantes dessa meta porque, por mais que fira a vaidade, é importante que reconheçamos que este é um planeta muito primitivo. Estamos ainda nos estágios iniciais da evolução. Alguns poucos começam a acordar; acordar desse sonho de luxúria, de egoísmo, que gera violência, medos, destruição, sofrimento. Esses poucos que começam a acordar experimentam desafios bem específicos porque se sentem muitas vezes nadando contra a correnteza. Isso, porque tomamos o real como o irreal e o irreal como real. 

A vida espiritual tornou-se um fragmento da vida material, quando a verdade é o oposto. O amor tornou-se raridade. A Graça divina, um fenômeno raro. O que parece ser comum é brigar um com o outro, disputar, competir. Você querer sair disso te faz parecer um extraterrestre. É desafiador mesmo. E muitas vezes você não sabe como lidar com as circunstâncias. Aí é preciso voltar-se para dentro e fazer a sua prática, a sua oração, sua meditação; buscar conectar-se com o Divino para ter clareza, para ter discernimento para onde ir, como ir. Considerando que o mais importante de tudo é esse despertar. Como proteger esse despertar? Como manter-se acordando, já que as forças contrárias são tão intensas? 

A natureza do mundo é arrastar a sua mente. Não há nada de errado com o mundo, simplesmente é assim. É o seu trabalho, aprender a não deixar a mente te arrastar. Alguns veem esse planeta como uma prisão, eu já ouvi de um grande santo que é a prisão máxima da galáxia. Eu prefiro ver como um planeta escola. Você está aqui para aprender a usar esse aparato tão sofisticado que é o corpo, que inclui uma mente, um corpo emocional. Eu prefiro ver esse planeta como uma autoescola, onde você está aprendendo a dirigir o seu veículo. 

No começo, requer muita dedicação, estudo, prática. Se você nunca dirigiu um carro, não vai dirigir um carro do dia para noite ou da noite para o dia, sem dedicação, sem estudo, sem prática. Quanto mais este carro, que é tão complexo e que não tem manual. Tem alguns textos sagrados, mas que não são tão fáceis de se interpretar também. É o que temos; e as pegadas dos mestres que passaram. É o que temos. 

Neste universo, essa instrução é dada através do guru. Ainda são poucos aqueles que estão prontos para encontrar o guru, ou melhor, que estão prontos para que o guru os encontre. E, quando encontra e esse processo de purificação tem início – esse processo de resgate da mente, esse redirecionamento dos vetores – você passa por desafios. Aí quando você busca dentro e não encontra a resposta, você pergunta para mim. Às vezes a resposta é fácil, às vezes é difícil. Por exemplo:

Pergunta: Querido Baba ji, posso amar alguém com todo o meu coração, antes de me amar? 

Sri Prem Baba: Não. Muito simples. 

Pergunta: Se eu acho que consigo, não seria isso apenas carência? 

Sri Prem Baba: Sim. Perfeito. Se você acha que consegue, isso é uma ilusão. Está chamando urubu de meu loro. Você está chamando a carência de amor. 

Pergunta: Amado Baba, dias atrás você falou que usou a sua chave mestra para matar os demônios com raio laser. Venho sonhando com os demônios, mas quando vou usar meu raio laser, ele não funciona e sou levado pelos demônios. Como faço para ligar meu raio laser? 

Sri Prem Baba: Aqui já é um pouco mais complexo. Primeiro, quando eu falei que usei a chave mestra, a chave mestra foi sair correndo. Foi uma brincadeira que eu fiz. Mas eu compreendi a sua pergunta. O raio laser a que você se refere é o amor puro. Eu estava contando uma experiência que eu tive no plano astral, onde muitos demônios vieram para cima de mim e, no primeiro momento, eu saí correndo; depois eu me lembrei que só o amor, só a luz dissolve a escuridão e comecei a irradiar amor, aí os demônios desapareceram. Essa luz de amor é o que você está chamando de raio laser. Como ligar essa luz de amor? 

Aí eu considero que seja um pouco mais complexo. Dentro desse processo de purificação, eu sempre sugiro que você comece olhando para aquilo que te impede de amar. A todos aqueles que estão comigo, eu sugiro que, na fase inicial, dedique a sua energia, dedique seu tempo para encontrar aquelas partes da personalidade que sabotam a felicidade, o que, em outras palavras, é aquilo que te impede de amar. 

Uma parte bastante importante dentro desse processo de purificação – que às vezes eu chamo de transformação do eu inferior – é você identificar essas partes dentro de você que estão comprometidas com a guerra. Vá atrás das vozes dentro de você que dizem: “eu não quero amar”. Que dizem: “eu quero tudo do meu jeito, ou então não quero nada”. Vá atrás dessas partes da sua personalidade que estão comprometidas com o sofrimento. 

Quando você pode identificar e percebe que isso não é você, não é a sua essência, isso perde força e aquilo que é você emerge. Não importa quanto tempo você esteja identificado com esse falso eu, não importa quão antiga e profunda seja a escuridão da caverna, uma fresta de luz dissipa a escuridão; um instante de lembrança de si mesmo e essa falsidade a respeito da sua identidade desaparece. Mas, para acender a luz tem que reconhecer que está na escuridão. Este é o primeiro passo. 

Eu considero esse método muito óbvio. Considero óbvio. Para encontrar o seu melhor, você tem que encarar o seu pior. Não há como controlar essa parte da jornada, não há como evitar. 

Por exemplo, às vezes você tem o merecimento de receber um darshan do Divino e você tem um momento de arrebatamento, de graça, você é arrebatado. Mas, se tem partes dentro de você comprometidas com o sofrimento e você ainda não chegou a um acordo com elas, pode ter certeza de que, depois de ter visto o céu, você vai voltar para o inferno. 

Você pode ter iluminado noventa e nove por cento da sua consciência, mas se tem um por cento na sombra, esse um por cento te dá uma rasteira, porque você não o vê, não o conhece. Ele te derruba e você não vê. 

Mas, quando você aprende essa metodologia de autoinvestigação, ela se torna natural e você vai focando na luz. Aí, se a sombra aparece você só olha, já sabe do que se trata, não precisa fazer mais nada, não precisa mais destrinchar, não precisa investigar. Você só fala: “ah, é você de novo”. Até que chega uma hora em que os demônios deixam de te importunar; não são mais capazes de fechar o seu coração. 

Essa sombra, que às vezes eu chamo de sofrimento, é como uma entidade, ela age colocando dor e medo no seu sistema e, a partir daí, você vai se perdendo nos labirintos da natureza inferior. Mas, se você olha, reconhece e não dá atenção, ele não te pega mais. Mas você começa identificando o seu desamor, as capas que encobrem o seu coração. É assim que você começa a ligar seu raio laser. 

Pergunta: Querido Baba, você falou sobre a importância de aceitar as decepções e permanecer presente na tristeza. Mas, como distinguir a tristeza de um mecanismo da vítima? Qual é o limite entre habitar a tristeza e se entregar ao eu inferior na forma de depressão, da preguiça. Recomenda um limite de tempo para ficar triste? 

Sri Prem Baba: Percebe como você quer controlar tudo? Mas eu compreendo a sua pergunta. Não, não recomendo um limite de tempo para ficar triste. É importante saber que essa tristeza – que é uma mensageira, que faz um link com as contas abertas do passado – sempre dá o recado e vai. Se você fica nessa tristeza, significa que o eu inferior já roubou a cena. A vítima já roubou a cena, você saiu da presença. Se você se coloca presente, você é inundado pela luz de compreensão e a tristeza desaparece. 

Esses são alguns exemplos de desafios desse processo de purificação, que requer guiança. Você busca isso dentro e, às vezes, quando não consegue, você vem aqui e busca fora. Assim você vai indo, até que chega um momento em que seus sentidos estão completamente purificados e você não quer saber de ouvir coisa ruim, não quer saber de ver coisa ruim, não quer saber de comer coisa ruim, não quer saber de tocar, de cheirar coisa ruim, você só quer Deus. Mas não é que você julga ou critica a coisa ruim. É simplesmente uma questão de sintonia. E aí o seu coração se purifica. Você entrega o coração para Deus e ele age através do seu coração, através da sua mente, através do seu corpo. Isso vai ampliando cada vez mais a sua fé, a sua devoção, até que você estabelece essa unidade com o Divino. E aquilo que é divino não se corrompe. O mal perde força sobre você. Até tenta, sempre tenta porque é da natureza dele tentar. 

Abençoado seja cada um de vocês. Firmeza para seguir, fé para não esmorecer, luz para enxergar e amor para agradecer. 

Até um próximo encontro. 

NAMASTE