Satsangs

Prem Baba transmite seus ensinamentos ao redor do mundo, por meio de encontros presenciais e virtuais.

Nessa sessão você encontrará alguns de seus “satsangs”(palavra Hindi que pode ser interpretada como palestra) descritos.

Você pode filtrar por palavras chave ou temas e acessar o conteúdo transcrito.

Romper os Condicionamentos para Entrar no Fluxo da Vida
Como se dá o ajuste vibracional no corpo físico? A mediunidade e a passagem do sofrimento coletivo por você. Efeitos do campo de prece a nível físico, psíquico e espiritual. Transformar o sofrimento em bênçãos, através da Presença e da respiração. Purificação do egoísmo e aceitação dos dons e talentos como expressão do amor. Estudo das contradições: o que lhe impede de se relacionar se esse é o seu maior desejo? Desejar algo por ser um condicionamento da mente ou por ser aquilo que você realmente precisa? A entrega ao fluxo da vida, se afinando ao coração da Verdade de Sachcha.
Sachcha Dham Ashram, Rishikesh - Índia
12/2/2018

Sri Prem Baba: As palavras nem sempre são o suficiente para descrever a Verdade. Na forma como as utilizamos, como discursos, podem em algum momento auxiliar alguns; mas às vezes atrapalham. Isso porque nem todos podem compreender as palavras, mas é o instrumento que temos para alguns. O entendimento vai chegando aos poucos. Vamos seguir utilizando palavras tentando descrever alguns fenômenos com a intenção de iluminar o entendimento para transformá-lo em compreensão.  

Pergunta: Amado Guruji, há alguns satsangs vem se passando um fenômeno comigo: sinto dores no corpo, sobretudo no peito, como se meu coração estivesse sendo esmagado. Procurei encontrar uma razão em mim para isso e nada encontrei. Passou por mim que eu possa estar captando dores dos meus irmãos aqui presentes. Isso pode acontecer? Se sim, há algo diferente que eu possa fazer do que somente procurar observar e não me identificar? Quando os satsangs estão terminando esses apertos no peito vão passando, depois tudo fica bem.

Sri Prem Baba: Esse fenômeno evoca pelo menos dois assuntos que se relacionam. Primeiro é a questão de se afinar com o campo vibracional do salão. Chamo de salão o experimento que estamos realizando aqui nesse lugar; esse experimento em direção à meditação, em direção à amizade, em direção ao amor. Criamos aqui um campo de energia, lugar de restauração da sua vitalidade, lugar de restauração do seu campo pessoal de energia, lugar de reconexão com a fonte eterna de Sachcha que lhe conduz, que lhe aponta a direção. O primeiro ponto a ser considerado é que às vezes você vem do mundo, da rua, vibrando em uma frequência diferente. Quando eu falo do mundo não estou falando do hotel que você está hospedado, porque toda essa região está dentro desse campo de prece, com uma variação ou outra, um lugar ou outro um pouco mais difícil de envolver dentro dessa esfera de luz; mas de uma forma geral toda essa região está dentro desse campo de força. Quando me refiro a vir do mundo, me refiro a vir da matrix, do seu dia a dia, onde nem sempre você pode conquistar e manter essa conexão com o plano superior. A mente é arrastada pelo materialismo e o observador se torna refém da natureza inferior, se identifica com o egoísmo e com todos os jogos da criança ferida. 

Quando você se aproxima desse campo de energia é possível que ocorram algumas reações. Estas que podem se manifestar no seu mundo psíquico - no primeiro momento causando até agitação na sua mente, trazendo a tona diferentes emoções; e algumas vezes ocorrem reações físicas, que são purificações, mas que às vezes tomam a forma de doenças porque engatam com algumas deficiências do seu corpo. Às vezes precisa até de um auxílio médico. É um ajuste vibracional. Se você estava no mundo podendo sustentar a presença e o coração aberto, não haverá choque, mas se nessa andança pelo mundo você se distraiu e se esqueceu de si mesmo, é possível que haja alguma reação. Claro que dependendo de onde você venha há ainda o efeito do jet lag, que também deve ser considerado. 

Outro ponto a ser considerado é que esse campo de restauração, esse campo de prece, além de ser um lugar que visa dar direção para a iluminação espiritual, é um centro de desenvolvimento de alguns tipos específicos de mediunidade. Porque estamos numa escola de karma yoga. Ao entrar dentro desse campo, mesmo sem estar consciente disso, você está sendo preparado para servir, está sendo conduzido para transformar o egoísmo em altruísmo, a utilizar seus potenciais a serviço do bem comum. Então, é verdade também, que alguns vão experimentar a passagem do sofrimento coletivo no seu corpo. Não são todos, mas alguns, que tem esse tipo específico de mediunidade, vão experimentar a passagem do sofrimento coletivo pelo corpo. 

É importante compreender que isso é um dom seu e o que fazemos aqui nessa escola é ativar esse dom, pois é seu destino ter esse dom ativado. Em algum momento você vai precisar distribuir os presentes que trouxe com você, porque esses dons - eu incluo os talentos - são formas de amar. É como o amor se expressa, mesmo se às vezes você não esteja consciente disso; mesmo se o amor ainda não esteja completamente puro; mesmo se ainda houver traços de egoísmo em que você não quer dar, não quer se doar, o que dificulta um pouco mais o processo. Há um tempo de purificação desse egoísmo até que você se renda a esse destino, que é se doar. E quando você está maduro o suficiente para reconhecer isso, vai fazer isso de maneira consciente, o que envolve sofrer com paciência e inclui uma técnica, que é transformar esse sofrimento em bênçãos através da presença e também da respiração. Respirações suaves e profundas. Você pode imprimir um ritmo nessa respiração de forma que traga conforto, porque esse conforto vai alquimizando esse sofrimento. Mesmo que seja um sofrimento coletivo, você o pega como seu e trabalha para transmutar esse sofrimento que está em você. Quando é possível transmutar, você vai perceber também que lá fora tudo se alivia. 

É muito importante estar atento para que a vaidade não se aproprie desse fenômeno e você comece a se achar: “Ah, então eu sou o curador!”. Na verdade, compreendemos que tudo é Deus que se expressa através de você fazendo o seu jogo - aqui chamamos Deus de Sachcha. É Sachcha fazendo o seu jogo para acordar os seus potenciais de forma que você possa dar ao mundo o que veio dar; para que você ocupe seu lugar no mundo. Humildemente do seu cantinho você vai respirar, inalando sofrimento, exalando bem aventurança. Em outras palavras, estou falando de se desidentificar do sofrimento. O que é iluminação espiritual se não se desidentificar do sofrimento e se identificar com a luz que te habita, a luz que esparge bem aventurança? 

Eu sinto que é importante dizer também que um dos obstáculos para a completude desse processo é o medo, que se manifesta até mesmo como um susto do fenômeno. (Toca um alarme fora do salão) E aí toca um alarme e você fica ligado: “O que está acontecendo? O que está acontecendo?” Nada! É só a energia circulando. Mas esse susto está lhe ensinando a lidar com essa energia. E os aspectos mais significativos e importantes a serem aprendidos você aprende no silêncio. Sachcha lhe dá isso dentro de você, lhe faz compreender. As palavras aqui servem para um ajuste ou outro, uma indicação ou outra. Mas o trabalho do despertar é dentro, porque às vezes o processo gera mesmo um questionamento, uma dúvida ou outra. E às vezes uma palavra esclarece. Mas tem coisas que não tem explicação, por exemplo.

Pergunta: Babaji, por que não consigo te explicar para a minha mãe? 

Sri Prem Baba: Como você explica o vento? Qual é o som de uma única mão batendo palmas? Não apresse o rio, ele corre sozinho. Não force a sua mãe entender qual o som de uma única mão batendo palmas. 

Outras coisas não são assim tão indescritíveis, como isso, mas também não são tão fáceis de descrever.

Pergunta: Querido Babaji, outro dia você falou sobre um buscador que não mais necessitava buscar os relacionamentos amorosos. Sinto que estou exatamente no sentido inverso. O que mais desejo é ter um parceiro para trilhar o caminho do coração comigo, mas parece que isso ainda não está fluindo na minha vida. O que fazer?

Sri Prem Baba: Não é tão indescritível, mas também não é tão fácil. Você precisa fazer alguma coisa? Importante que se faça essa pergunta. O que está te impedindo de viver essa experiência que você quer viver? Talvez não seja uma questão de fazer, mas de deixar de fazer. Deixar de se opor. Porque o rio corre sozinho. Se faz parte do seu processo ter um parceiro, isso vai chegar, desde que você permita. Talvez tenha algo em você segurando o fluxo. Isso existe! Diques, barreiras que impedem o fluxo. Quando há barreiras impedindo o fluxo, você sente como insatisfação. Essas barreiras podem ser meramente psicológicas, o que é um pouco mais fácil de dissolver em comparação a barreiras que são transpessoais, como karmas mais antigos que você não consegue fazer relação de causa e efeito. Mesmo que sejam karmas transpessoais, tem ali um não quase que invisível para aquilo que você conscientemente deseja. 

A grande maioria dos bloqueios está na biografia mesmo - conforme vimos no discurso de ontem -; condicionamentos que são impostos especialmente nos primeiros anos de vida. Vozes que funcionam como diques para o fluxo do rio, que funcionam como oposição, que não te permitem ser. Nesse caso é de grande valia que você identifique essas vozes. O que te impede? Porque se você conscientemente quer e está aberta para que isso aconteça, por que não acontece? Ainda mais nesse universo que é tão permissivo; esse planeta que vivemos é absolutamente permissivo! E existe o karma! A única força que pode te segurar de alguma maneira é o karma. Mas um karma que se conecta com sua biografia, sempre! Porque se você olha para ela - para os pontos que ainda estão no escuro por falta de compreensão - e compreende, você vai. É muito raro karmas tão profundos que te impeçam de cristalizar o ego, já que é parte do processo você ter um ego para entregar. Normalmente o que te impede de cristalizar o ego e de ter aquilo que deseja é você mesmo, ou as crenças através de você. Nesse caso, vale a pena investigar essas barreiras. 

Importante você estar atento com o condicionamento de ter que fazer alguma coisa, como se fosse tão automático assim. Às vezes você precisa exatamente o oposto, relaxar! E nesse relaxamento observar essas vozes que atuam. No máximo, o fazer pode ser investigar um pouco mais minunciosamente essa oposição. Nos grupos de sexualidade, nos grupos de tantra, nós criamos oportunidades para que você olhe isso dentro de si, mas não necessariamente você está precisando passar pelo grupo. 

Voltamos a um assunto que permeia praticamente todo o nosso estudo e a nossa prática, que são as contradições. Há uma parte em você que quer uma coisa e outra parte - que você não conhece - que quer outra. Mesmo que essa parte – que quer outra coisa - tenha sido adquirida pela programação que veio da sua educação. A parte que se opõe ao fluxo é sempre adquirida. Por último, vale a pena se perguntar se ter mesmo, um parceiro agora faz parte do fluxo. De repente esse desejo de ter um parceiro já é a oposição em si. Percebe a sutileza? Que é só uma distração para você não estar presente. Estou falando para todos. No caso especifico dessa pergunta, eu sinto que é o caso de olhar para a oposição mesmo. Mas agora estou abrindo o leque, porque querer ter um parceiro pode ser também um condicionamento. Você se força a seguir alguns protocolos da sua mente. É importante que você se liberte de todos esses protocolos e relaxe no tempo presente. E estando aqui, vamos ver o que se apresenta, o que Sachcha coloca no seu caminho. 

Compreenda o que estamos fazendo aqui nesse momento. Porque o condicionamento quer alimento. O que eu estou propondo é quebrar isso. Uma coisa é o que o condicionamento quer, outra coisa é o que você precisa, quer seja para cristalizar o ego, quer seja para poder entregá-lo. Em outras palavras, uma coisa é o que a mente quer, outra coisa é o que o coração sente que é bom para você nesse momento, para que você possa expandir. Estamos buscando essa sintonia fina com o coração, que é outro nome para Sachcha. Porque a mente condicionada quer estar aqui, acolá, quer fazer isso, aquilo. Mas o que é mesmo para você fazer? Onde é que você tem que estar mesmo? O que tem para você fazer? Se é que tem alguma coisa para você fazer. Percebe que estamos praticando Tai chi aqui? Entrando no fluxo? Se há partes em você que resistem em entrar no fluxo, você passa mal, voltando à primeira pergunta. 

É mais ou menos isso. É o que eu consigo usando as palavras. Eu me esforço para usar as palavras da melhor maneira. Nem sempre sou bem sucedido. Como descrevo a verdade, me diga? A Verdade é muito grande, as palavras são pequenininhas. Mas eu sinto que o trabalho está acontecendo e está lindo. Entre palavras, músicas e silêncio, de repente você relaxa, seu ego cochila e eu lhe pego. 

 Abençoado seja cada um de vocês.

Que possamos nos afinar com Sachcha.                                

Até um próximo encontro.

Namaste.