Satsangs

Prem Baba transmite seus ensinamentos ao redor do mundo, por meio de encontros presenciais e virtuais.

Nessa sessão você encontrará alguns de seus “satsangs”(palavra Hindi que pode ser interpretada como palestra) descritos.

Você pode filtrar por palavras chave ou temas e acessar o conteúdo transcrito.

Consciência e Vontade para Abrir Mão do Sofrimento
A Graça Divina é real. Primavera. Vida nova. Holi – a história por trás do festival - vitória do bem sobre o mal. Adoração ao senhor Vishnu. Um boneco é queimado na fogueira nesse dia, simbolizando nossos nãos para a verdade. Qual aspecto da natureza inferior já foi suficientemente compreendido a ponto de ser verdadeiramente renunciado e entregue ao fogo? Desde que se tenha um tanto de consciência e vontade disponíveis, é possível fazer escolhas conscientes de não alimentar o sofrimento. A cada temporada nos libertamos de mais algum aspecto do falso eu. Durante o processo de despertar, experimentam-se idas e vindas até que algo se estabiliza e os aspectos da impermanência não mais nos atingem.
Sachcha Dham Ashram, Rishikesh - Índia
12/3/2017

Sri Prem Baba: Bem-vinda seja a primavera! Bem-vindas as cores das flores, os aromas que perfumam a natureza, o canto dos pássaros, o conforto que essa estação nos traz. 

Você diz assim:

Pergunta: Querido Prem Baba, é pura benção estar na sua presença. Obrigado por existir! Estou vivendo um fenômeno: há alguns dias eu me encontrei num lugar escuro de tristeza, chorando e contraído, sem nem mesmo saber as razões por trás disso. Eu tive que juntar toda a minha força de vontade para continuar a fazer as minhas práticas e vir ao satsang, em vez de ficar em casa com esses sentimentos. Até que ontem, finalmente, algo mudou na minha energia. É como quando se estoura uma bolha de camadas de dor. Desde que ocorreu essa mudança, eu sinto que tenho um grande espaço dentro de mim. Tudo é ótimo, tudo é lindo! Você pode explicar o que acontece biologicamente no sistema nervoso quando uma abertura desse tipo está acontecendo?

Sri Prem Baba: É melhor você não entender. Pelo menos, não agora. Minha sugestão é que agora você desfrute desse bom, que você simplesmente sinta esse bom. 

Às vezes é tão bom você não entender nada! Às vezes é uma liberdade você não saber nada. Só se permita respirar esse bom. Respirar esse ótimo. Esse tudo lindo. Esse espaço. 

Se for realmente necessário, em algum momento você terá acesso ao conhecimento do que se passa no seu sistema nervoso. Mas não agora, porque agora isso pode ser uma estratégia do seu eu sofredor para te tirar desse lugar bom. Uma estratégia para você voltar para a mente. 

Sinto que, por enquanto, é suficiente saber que está havendo uma reprogramação celular. Você está saindo de uma cirurgia, onde alguns tumores de tristeza foram removidos. Tumores feitos de medo, de ódio. Algumas capas que encobriam o seu ser foram removidas. 

Por ora, é suficiente você saber que a Graça Divina é real, que você está tendo o merecimento de ser tocado por essa graça. Como um outro que diz assim:

Pergunta: Querido Guruji. Acordei! Eu acordei! Como é bom estar vivo! Uau! Obrigado, meu amado Mestre. Muito obrigado! Quanto amor cabe no meu peito!

Sri Prem Baba: É isto! É isto! Em algum momento a flor desabrocha e esparge o seu perfume, mostra a maciez das suas pétalas. É isso que a natureza nos ensina. 

Estamos entrando no festival de Holi, o festival das cores, que celebra a chegada da primavera e também a vitória do bem sobre o mal, a vitória da devoção sobre o ceticismo, a vitória da confiança sobre o medo, a vitória do espírito sobre a matéria. É um festival realmente muito lindo. Em diferentes lugares da Índia, as pessoas celebram de diferentes maneiras, mas especialmente atirando pó colorido uns nos outros. Alguns jogam água e a alegria é provocada. 

Esse festival tem raiz num mito, uma história que é contada nos quatro cantos deste país, a qual diz que numa época havia um rei muito poderoso e temível. Ele se julgava o próprio Deus e todos deveriam adorá-lo. Hiranyakashyap era o nome dele. E, naquele reinado, todos os súditos eram proibidos de adorar outros deuses. Todos tinham a obrigação de adorar o rei.

Esse rei teve um filho com o nome de Prahalad. Prahalad nasceu e, para tristeza do rei, a primeira palavra que ele disse quando abriu sua boquinha e começou a falar foi o nome do Senhor Vishnu. Aí, quando ele começou a juntar as palavras, foi uma oração de adoração ao Senhor Vishnu: GURU SHARANAM, HARI SHARANAM, GURU SHARANAM, HARI SHARANAM, GURU SHARANAM, HARI SHARANAM.  

O pai dele ficou enraivecido e começou a buscar ajuda dos sábios do reino para doutrinar aquele menino rebelde, que nasceu torto, nasceu adorando um outro deus que não aquele que ele deveria adorar. 

Hiranyakashyap chamou todos os melhores professores do reinado para tentar condicionar o menino a adorar o rei, mas era impossível. O menino foi crescendo e ele era tomado pela devoção ao Senhor Vishnu e, quando ele começava a cantar para o Senhor Vishnu, entrava em êxtase. E o pai dele começou a ver nesse menino uma grande ameaça, porque a soberania dele estava correndo perigo. Então ele entendeu que a única maneira de se livrar dessa ameaça seria matando o filho. 

Ele começou a tentar encontrar maneiras de matar o filho. E ele tentou de variadas formas. Mas parecia que existia um poder mágico protegendo essa criança, porque o rei nunca era bem-sucedido nas suas tentativas de matá-lo. Sempre surgia alguma situação que protegia o menino. 

Então o rei teve uma grande ideia: esse rei tinha uma irmã que se chamava Holika. E Holika tinha um poder mágico, que ela tinha conquistado através de severas austeridades: ela podia entrar no fogo e não se queimar. E ela, como tia do menino Prahalad, tinha conquistado a confiança dele.

A ideia do rei era que ela pegasse o menino no colo para entrarem juntos numa fogueira bem grande, assim o menino morreria queimado e ela sairia ilesa, porque ela tinha essa proteção, tinha esse poder que permitia que ela não se queimasse na fogueira. 

Então, fizeram uma grande fogueira e Holika pegou o sobrinho no colo e entrou na fogueira. Só que a Holika não sabia que esse poder só funcionava se ela entrasse no fogo sozinha. E ela entrou acompanhada de Prahalad. Então, nesse momento, ela perdeu o poder, perdeu a imunidade e ela morreu queimada na fogueira e o senhor Vishnu apareceu e segurou o menino Prahalad, deu a ele a imortalidade. 

Essa história representa a vitória da devoção sobre o ceticismo. Ela representa a vitória do bem sobre o mal. A vitória do autêntico altruísmo sobre o egoísmo. É um festival de adoração ao senhor Vishnu, senhor Narayana.

NARAYAN, NARAYAN, NARAYAN 

NARAYAN, NARAYAN, NARAYAN 

NARAYAN, NARAYAN, NARAYAN

NARAYAN, NARAYAN, NARAYAN

NARAYAN, NARAYAN, NARAYAN

NARAYAN, NARAYAN, NARAYAN


SRI VISHNU, SRI VISHNU, SRI VISHNU

SRI VISHNU, SRI VISHNU, SRI VISHNU

SRI VISHNU, SRI VISHNU, SRI VISHNU

SRI VISHNU, SRI VISHNU, SRI VISHNU

SRI VISHNU, SRI VISHNU, SRI VISHNU

SRI VISHNU, SRI VISHNU, SRI VISHNU


SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI 

SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI 

SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI 

SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMIJI

SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI 

SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMI, SRI LAKSHMIJI


Ó DEUS, Ó DEUS DE AMOR

Ó DEUS, Ó DEUS DE AMOR

Ó DEUS, VÓS SOIS PURO AMOR

Ó DEUS, VÓS SOIS SÓ O AMOR

Ó DEUS, VÓS SOIS PURO AMOR

Ó DEUS, VÓS SOIS SÓ O AMOR


ME REFUGIO AOS SEUS PÉS

ME REFUGIO AOS SEUS PÉS

ME REFUGIO AOS SEUS PÉS

ENCONTRO CONFORTO AOS SEUS PÉS

ME REFUGIO AOS SEUS PÉS

ENCONTRO CONFORTO AOS SEUS PÉS

Esse é o Prahalad cantando.

Então hoje à noite vocês verão fogueiras em diferentes lugares. Aqui na pracinha haverá uma grande fogueira. E as pessoas às vezes queimam um boneco na fogueira representando Holika, que é um símbolo dos nossos defeitos, símbolo dos nossos vícios, símbolo dos nossos nãos para a verdade. 

Eu lhe convido a tomar consciência do que você entregará para a fogueira hoje à noite. O que é que você está entregando para a fogueira neste ciclo da sua jornada? Qual é o aspecto da sua natureza inferior que você já pôde compreender o suficiente a ponto de verdadeiramente abrir mão, a ponto de renunciar a ele? 

Talvez você nem precise colocar foco dessa maneira, talvez esse aspecto já tenha sido queimado, já foi. Aí você vai somente celebrar essa transição, assim como sugeri para essa pessoa apenas celebrar esse espaço aberto dentro dela, esse sentimento de que tudo é lindo, de que está tudo ótimo. Mas é possível que você esteja ainda num momento de elaboração, onde você precisa fazer uso da vontade consciente para dizer com toda a propriedade: “Chega! Chega! Não dou mais alimento para esse eu viciado dentro de mim”. 

Nesse caso, eu sugiro que você possa realmente fazer esse ritual de passagem que visa fortalecer a sua compreensão, a sua decisão de seguir numa direção diferente. Você está sendo convidado a reconhecer o poder da escolha.

Desde que você tenha um tanto de consciência disponível e vontade disponível, você pode fazer algumas escolhas conscientes, você pode escolher não alimentar o sofrimento, você pode escolher renunciar a um mau hábito, você pode escolher seguir numa direção que você já pode compreender que é boa para a sua alma. E, para isso, você precisa entregar mesmo o mau hábito que te desvia do caminho do seu coração. 

E eu percebo que, a cada ano, a sua consciência está se expandindo. Maharaj veio certa vez a este salão – foi a última vez em que ele veio – e declarou que seria a última mensagem dele. Nessa última mensagem, ele estava falando a respeito do milagre que ele via acontecer aqui neste Ashram

Ele chegou aqui sozinho em 1965 e, depois disso, ano após ano, mais e mais pessoas foram chegando e milhares e milhares de pessoas alcançaram a vida espiritual através do Sachcha Dham. E que, a cada vez que você retorna, você vai se movendo em direção à santidade. Santidade no sentido mais adequado, mais pertinente da palavra, que é pureza de coração. Ele disse que a cada vez você ia se tornando mais puro de coração, você ia se tornando uma pessoa espiritual.

Eu percebo que realmente isso está acontecendo. A cada ano, eu sinto que uma camada de ignorância se dissolve e consequentemente uma camada de luz ganha mais espaço na sua vida. Em toda temporada, você é levado a se libertar de mais um aspecto do falso eu. É como se você fosse acordando aos poucos, até que, em alguma hora, você acorda de vez. Você vai acordando aos poucos, até que você acorda. 

Durante esse processo de despertar, você experimenta idas e vindas, expansão e contração, o sentimento de conseguir se erguer e depois cair e depois se erguer de novo, o sentimento de encontrar e de perder até que, em algum momento, algo se estabiliza dentro de você. Até que você acorda e permanece acordado. Até que você estabiliza a mente e, independentemente do que esteja acontecendo lá fora, você continua o mesmo. Aquilo que é impermanente não tem o poder de fechar o seu coração e nem de fechar os seus olhos.

Nesta temporada, neste ano de 2017, qual é camada da ignorância que você está entregando? Para alguns, estar consciente do que está entregando tem uma grande valia. Pode ser muito importante você estar consciente do seu ponto de trabalho, você saber em que casa do jogo da vida você se encontra, qual é o aprendizado que você está tentando absorver, qual é o demônio com o qual você está lutando, dentro de você. 

De vez em quando, eu gosto de compartilhar uma história que eu li, certa vez. Eu não me lembro de detalhes da história, mas me lembro do que interessa. Eu li isso em algum lugar, mas eu não vou saber agora dizer a fonte. Era um livro de uma mulher, que era um lama

Nesse livro ela conta que, certa vez, alguns lamas do Tibete foram para os Estados Unidos para participar de um evento. Pela primeira vez eles saíram do Tibete e foram para o ocidente para participar dessa conferência que estava acontecendo num grande hotel nos Estados Unidos. 

Havia um lama específico que estava encantado com as descobertas. E se apaixonou por iogurte. E estava encantadíssimo com o iogurte, a ponto de, na hora do almoço, ele ficar atento para saber se tinha iogurte ou não. E, naquele dia específico, tinha iogurte de sobremesa. E tinha uma fila para passar no buffet e pegar comida. 

Ele entrou na fila e estava se observando. Ele percebeu que, quando uma pessoa pegava iogurte, ele ficava com raiva e com medo de não ter iogurte para ele. E, quando a pessoa não pegava iogurte, ele ficava feliz e tinha esperança de que ia sobrar iogurte para ele. E ele foi vivendo essa aflição até chegar a vez dele, pois era uma fila longa. Aí quando chegou a vez dele, em que ele estava indo pegar o iogurte, ele falou assim: “Eu não vou dar iogurte para esse viciado em iogurte dentro de mim!”. 

Foi dito que esse mesmo lama foi jantar na casa dos anfitriões, que serviram uma farofa para ele, o que também era algo desconhecido para ele. E ele se encantou com a farofa, se lambuzou com a farofa. E aí, quando o casal de anfitriões saiu da sala de jantar, ele ficou sozinho. Ele pegou a cumbuca e enfiou no pote de farofa para levar para casa. E na hora em que fez isso, ele pegou na própria mão e gritou: “Pega ladrão! Pega ladrão! Pega ladrão!” 

Eu achei o máximo essa história porque, com muito bom humor, esse lama estava mostrando esse processo de identificação desses "eus" inferiores que nos desviam da direção. E eu estou te conduzindo para você também se tornar um caçador de "eus". Para que você possa identificar esses "eus", que são como nãos para o amor, para a vida, para a alegria, e para que possa abrir mão deles. 

Assim como o lama identificou um eu viciado em iogurte e um eu ladrão, ladrão de farofa, e pode renunciar a eles; quais são os eus aos quais você está podendo renunciar nesta temporada? Quais são os "eus" que você tem identificado, tem estudado, tem compreendido e que está pronto para entregar para o fogo? Como eu já disse e torno a dizer, talvez não seja o caso de você cognitivamente precisar mapear esse processo de renúncia. 

Mas, independentemente de qual seja o seu caso, eu acho que vale à pena para todos, no mínimo, uma autoanálise, no mínimo se perguntar: “Onde estou? Onde estou? Para onde estou indo?” E, se no seu caso em particular, você está consciente de que é o momento de entregar um aspecto da sua natureza inferior para o fogo, que assim seja. 

Claro que esse fogo é um símbolo. Estamos falando de um princípio de renúncia. É um princípio de empoderamento da sua vontade. Estou lhe convidando a pegar a espada da vontade. Que você possa dizer: “Quem manda aqui na minha casa sou eu! Quem manda na minha casa sou eu!”. Um princípio de renúncia é um princípio de empoderamento da vontade, que te dá a capacidade da escolha consciente, pelo menos em relação àquilo que você já pode compreender. 

No exemplo do lama, ele já havia compreendido perfeitamente que se tratava de um vício; tratava-se de um eu inferior que ele precisava tirar do caminho. E no seu caso? Você vai usar a espada da vontade para cortar a cabeça de qual eu psicológico? É esse empoderamento que permite celebrar a chegada da primavera. 

O caráter espiritual da celebração do Holi se perdeu para muitos. O caráter espiritual da celebração é a vitória do eu divino; quando o eu consciente pega a espada da vontade. Então vamos celebrar essa chegada da primavera. 

Neste jardim de tão mimosas flores 

É da onde vem todos os primores

Corre a água da vida e nasce a flor de amor

Que faz voar meu lindo beija-flor.

Se tu pedes vida, vida eu te dou. 

Mas venha aqui, aqui aonde estou

Aprenda a voar como meu beija-flor 

Neste jardim, o jardim do amor. 

Que alegria eu sinto no meu peito

De estar aqui cantando o teu amor

Meu mestre é rei da luz e do amor

Me ensina a liberdade de ser o que eu sou. 

Viva a primavera! Viva a vida nova!

Abençoado seja cada um de vocês. Que o amor seja sempre vitorioso.

Até um próximo encontro.

NAMASTE.