Satsangs

Sri Prem Baba: Eu lhe convido a fechar os olhos e se recolher em silêncio por alguns instantes. Observe o fluxo da respiração. Assista passivamente ao trânsito daquilo que é impermanente. Perceba que nesse momento você não é mulher ou homem, não é jovem ou idoso, você é somente uma testemunha. 

Na presença, todos os papéis se dissolvem. Aqui, agora, você não é filha, mãe, pai nem irmão. Na presença, o mundo criado pela mente desaparece. Essa testemunha sempre existiu, mesmo antes de qualquer personagem que você tenha criado. E essa testemunha continuará existindo. É um testemunhar, que não julga, não critica, não compara, somente assiste. 

Desse lugar de presença, de ser, abra os olhos quando sentir vontade.

Pelos depoimentos, percebo alguns apreensivos em seu retorno à matrix. Eu tenho uma sugestão: não caia na armadilha da separação e, consequentemente, na armadilha do julgamento e da comparação. 

Quem cria divisão é a sua mente. Se você se torna meditativo, tudo é sagrado. Se você se torna puro, verá pureza em tudo, conseguirá ver o jogo divino até mesmo nas mais destrutivas distorções, perceberá a interdependência. A sombra e a luz são aspectos de uma mesma coisa.

Eu sugiro, ainda, que você se comprometa com a verdade. A verdade de quem é você, de quem habita esse corpo. Comprometa-se também com o processo de desidentificação de todas as histórias e personagens que você acredita ser a sua identidade, mas que são geradoras de sofrimento. 

Portanto, minha sugestão é para que você se comprometa com a desidentificação da ilusão, até que sobre somente a verdade. 

A Verdade é aquilo que não se discute. A verdade não se modifica com as intervenções que vêm de fora e nem com as criações da mente. Quando a verdade se revela, você se percebe como Sat it ananda - existência, consciência e bem-aventurança. É uma outra maneira de traduzir o testemunhar. 

Muitas coisas maravilhosas aconteceram durante essa temporada. Tive o merecimento de assistir muitos milagres. Talvez, o mais lindo tenha sido a oportunidade de ver algumas flores desabrochando. 

Essa temporada foi um pouco diferente das outras. Não tinha acontecido ainda de eu ver tantas flores desabrochando, tantas pessoas despertando. São várias experiências de Satori. Isso é um bom sinal. 

Temos tido a experiência de plantar sementes e, dessa vez, estamos vendo algumas sementes não só germinarem, mas também florescerem. Eu considero que esse seja o melhor dos sinais. 

Outro aspecto se revela aqui nesse depoimento que, embora eu não esteja conseguindo entender tudo o que está escrito, o que estou entendendo está perfeitamente encaixado com essa leitura da nossa temporada. Você diz assim:

Pergunta: Amado Guruji, algo lindo está acontecendo. Nessa temporada tive a sorte de viver a magia do seva como nunca antes - servir, doar - é uma dança com a vida. A vida está sempre me servindo e servindo a todos durante a temporada, o tempo todo. Eu simplesmente não via - ou não conseguia tirar tempo para ver – mas, nesta temporada, eu observei tantas sincronicidades. Eu vejo as pessoas do sangha ajudando-se umas às outras, ultrapassando os limites dos seus próprios sevas para ajudar os outros, mais trabalho em grupo e mais celebração. Isso é um sinal muito bom, não é?

Sri Prem Baba: Sim, eu considero que seja um excelente sinal. Sinal de que estamos, pouco a pouco, atravessando os desafios que nos impedem de amar, de ver o outro como um amigo e poder nos tornarmos canais da gentileza, da divina presença. Muito lindo. Estou muito grato pela oportunidade de estar aqui, facilitando essa experiência. 

Alguns estão em processo de cura, transformando sentimentos, aprendendo a gerenciar emoções, no caminho de se desidentificar das personagens geradoras dos conflitos. Em outras palavras, aprendendo a conduzir sua mente. Outros, estão já podendo desfrutar e celebrar da comunhão com o Grande Espírito. Percebo Maharajji feliz com tudo isso! 

Durante a minha jornada, algumas vezes eu quis sair correndo - correndo do processo de transformação, da fricção que a semente estava vivendo dentro da casca - mas Maharaj me deu força para continuar. Ele fez isso de maneira gentil e doce e, às vezes, de maneira bem dura. 

Certa vez, eu estava em Allahabad, era Kumbha Mela e eu estava com um pequeno grupo passando por uma severa fricção. Estávamos acampados dentro de um prédio em construção onde praticamente 24 horas por dia havia uma serra elétrica fazendo barulho, pó de mármore no ar e umidade. Naquele momento, tudo estava muito difícil. 

Fui tomado por uma rinite alérgica que tampou tudo. Falei: “Maharajji, I’m sorry. Estou voltando para Rishikesh”. Ele falou: “Não senhor. Você fica até o final do seu compromisso”. 

Eu fui tentando ser um discípulo obediente. Até que, magicamente, começaram a cair gotas de néctar do céu. Comecei a entrar em êxtase e as pessoas que estavam comigo também. Estava todo mundo dando risada sem ter motivo e tudo se tornou tão divertido e eu tive ali um vislumbre do céu na terra. 

Estou lembrando da força que Maharaj me deu para continuar porque, internamente, eu estou aqui entregando tudo isso aos pés dele. Ele me disse que isso aconteceria – que, em dado momento, as pessoas começariam a despertar.  Eu estou vendo que a palavra dele está se cumprindo. Bonito, não é? Bonito! O que pode ser mais bonito? 

Hoje, eu não me sinto inclinado a dar discurso. Me sinto inclinado a somente estar aqui com você. 

Estou aqui somente para te mostrar que é possível acordar do sonho do sofrimento. Isso que procura está dentro de você. O buscador é aquele que está comprometido a encontrar essa verdade dentro de si mesmo. É preciso ter foco para encontrar a verdade. Veja o exemplo daqueles que encontraram. Eles tinham foco. Foco e comprometimento. Comprometimento com a verdade. 

Como, talvez, para alguns, essa verdade possa ainda estar distante, então eu sugiro que você se comprometa com alguns aspectos da verdade que estão mais próximos - honestidade e integridade. Ser honesto consigo mesmo. Ser o mais íntegro que você puder. Se você seguir ser focado e comprometido, eu lhe garanto que, em algum momento, você encontrará a verdade de quem é você. Ótimo!

Durante muito tempo, até os últimos dois ou três anos com Maharajji, meu sadhana era só fazer o pranam e comer o prasad que ele me dava, a comida que ele me dava. Ele me tirou a meditação. Ele falou: “Não medita mais, só um pouquinho”, senão eu iria embora muito rápido. 

Meu sadhana era fazer o pranam, sentar-me com ele e ficar falando do dia-a-dia. Ele queria saber o que eu comia no Brasil e o que eu comia aqui. Essa era a nossa conversa.

Abençoado seja cada um de vocês. Que você seja feliz. Que a existência possa suprir todas as suas necessidades. Que você possa se realizar no amor e na verdade. Me inclino diante do Ser Supremo que te habita.

NAMASTE