Satsangs

Sri Prem Baba: Permita-se fechar os olhos e se recolher em silêncio por um instante. Eu lhe convido a relaxar, a respirar suave e profundamente pelas narinas e a cada expiração se esvaziar de toda expectativa, de todo controle, de toda defesa. 

Observe o fluxo da respiração, sabendo que você pode estar inteiro nesse momento de contemplação, sem precisar se preocupar com nada. Solte os ombros. Relaxe o seu rosto. 

Assim como o céu observa as nuvens, você é o céu e observa as nuvens de pensamentos, emoções, sensações, sem julgar ou criticar, apenas observa aquilo que é impermanente e deixa ir. Coloque o foco da atenção na escuta do silêncio. Quando o silêncio é rompido por algum som, acolha, não se oponha. Ele sempre se vai, porque todo barulho é impermanente. O silêncio é permanente. 

Ao colocar a atenção no silêncio, a sua percepção se amplia e você experiencia a calma. A partir desse lugar de calma e presença, talvez você possa ouvir o som do rio correndo do alto da montanha, o som do voo dos pássaros. Esses sons são expressões do silêncio. 

Ao aquietar a sua mente e o seu coração, você tem acesso à alma do mundo, encontra respostas para todas as suas perguntas. Até mesmo porque as perguntas desaparecem. 

Quando quiser, abra os olhos para que possamos seguir nossa jornada conversando um pouco sobre alguns aspectos da experiência que estamos vivendo. 

Percebo, pelas perguntas e depoimentos, que o processo está se intensificando. Ao mesmo tempo em que muitos têm experiências de transcendência, outros têm a impressão de estarem dentro da máquina de lavar e a máquina entrou na posição de centrifugação. 

Alguns, que estão nesta situação, não estão devidamente munidos de conhecimento e acabam sendo tragados por ansiedade e desespero e querem fazer algo para sair logo dessa centrifugação. 

Eu sugiro que você tenha calma. Lembre-se de respirar suave e profundamente. Se você sente que precisa muito de ajuda, que essa seja uma ajuda para relaxar. 

Alguns estão tentando acelerar o processo buscando terapias catárticas. Eu sinto que isso não é bom, porque já estamos trabalhando na velocidade máxima. Se você, movido pela ansiedade e desespero de querer se livrar de sintomas, tentar acelerar ainda mais, acabará se machucando. Não há necessidade de acelerar ainda mais. 

Não estou invalidando a competência dos terapeutas, dos técnicos que se oferecem para ajudar aquele que pede dessa maneira, apenas sinto que não é o momento apropriado. Se eu sentir que um ou outro precisa de uma abordagem catártica - via energética ou hiperventilação ou outro recurso - eu sugerirei, indicarei, te encaminharei. Mas, se essa indicação não chegou para você, é para relaxar. Aproveite esse lugar. 

Talvez você ainda não tenha percebido, mas você está num lugar sagrado. Desfrute desse lugar! E, para desfrutar, esqueça o fazer. Procure sentar-se em um lugar agradável, entrar em contato com essas montanhas, com esse rio, com essa terra; ela ainda tem uma sacralidade. 

Aqui ainda é um portal. Reconheço que está cada vez mais desafiador sustentar esse portal aberto. A matrix está chegando aqui, chegando perto, mas ainda não fechou o portal. Talvez ele não se feche. 

Eu não sei. Mas, reconheço que alguns, às vezes, não conseguem encontrar um lugar tranquilo para se sentar devido a tanto movimento, tanto barulho. Isso é um sintoma desse ciclo do tempo que estamos vivendo. Estou buscando soluções para aqueles que estão suficientemente maduros para uma imersão. Temos vivido isso quando entramos em retiro, quando vamos a um lugar mais retirado e silencioso. 

Ao mesmo tempo, existe uma magia nesse movimento todo. Faz parte do aprendizado sustentar a presença, mesmo dentro dessa intensidade. Porque, se você se perder, logo terá a chance de vir aqui para o salão receber o darshan; também terá a chance de meditar no fluxo do rio, de subir as montanhas e entrar em contato com o sagrado desse lugar. 

Assim você terá a chance de se aprofundar nesse estudo fino de se tornar o condutor do seu veículo, que se resume em sustentar a presença, sustentar o coração aberto mesmo diante de um grande fluxo de situações impermanentes. Tornar-se o condutor do seu veículo e não se deixar levar por aquilo que é impermanente – seus pensamentos, emoções e sensações. É não permitir que esses impulsos inconscientes se tornem os condutores do veículo.

A essência do estudo que estamos fazendo, em outras palavras, significa tornar-se senhor de si mesmo. Esse processo envolve purificação. Por purificação, compreenda desidentificar-se dos pensamentos. 

Alguns pensamentos formaram uma história, a qual é alimentada por sentimentos. Às vezes, a desidentificação gera reações físicas, emocionais ou mentais. Tenha calma. Se ficar muito difícil, peça ajuda para o time que estará aqui à disposição. Nós ainda não temos esse time, vamos criá-lo, pelo menos para esses dias que antecedem o Mahashivaratri. 

Percebo algumas pessoas entrando em processos muito fortes. Estou dizendo para ter calma, respirar, relaxar, mas quando bate no corpo as pessoas se assustam.  Eu vou ver se me reúno com um timezinho aí de alguns médicos, alguns terapeutas, para dar um suporte, ao menos nos casos mais graves, quando a desconstrução da mentira acaba envolvendo reações físicas. 

Seguindo a jornada:

Pergunta: A biografia dos santos é sempre uma luz para os buscadores. Permita-me perguntar algo sobre a sua. Ontem você falou em um caso de amor com Jesus, mas em dias anteriores você falou de uma inconformidade com as religiões - se não me falha a memória, até com Jesus - você pode comentar?

Sri Prem Baba: Eu falei de um caso de amor com Jesus e não com o cristianismo. Um caso de amor com um símbolo, símbolo de uma frequência de luz - luz de amor, perdão, humildade, espontaneidade, inocência, liberdade, cura, entrega – de reconhecimento do sagrado. 

O caso de amor era com essa frequência de luz, mas um caso de amor que foi eclipsado justamente por conta da religião. Isso porque, na minha experiência, eu pude constatar que a religião, muitas vezes, acaba se tornando um obstáculo para a experiência de Deus. Um dogma é um obstáculo para você experienciar a verdade. Uma crença é um obstáculo para você experienciar o real. Não podemos condicionar a verdade numa caixinha. A verdade é viva; está sempre fluindo. 

Há que se diferenciar um Buda do budismo. Há que se diferenciar Jesus do cristianismo. Há que se diferenciar os verdadeiros santos do hinduísmo. 

Por mais que certos aspectos das tradições tenham uma verdade, por mais que certos rituais possam, de fato, conter um elemento mágico, podendo agir como um portal para as dimensões sutis da natureza, se você estiver dormindo, não servirá para nada. 

Em dado momento da minha jornada enquanto buscador, eu realmente me tornei muito aversivo às religiões institucionalizadas. Eu as via como um veneno. Olhando para esses dez mil anos de história - que é o que a gente pode ter um acesso mais objetivo através dos registros - o tanto de crueldade que se fez em nome de Deus é algo que realmente temos de compreender. E o quanto que, ainda hoje, muita crueldade se faz em nome de Deus. Então, eu descobri que existem duas religiões no mundo; eu passei a chamar de religião horizontal e religião vertical.

Religião horizontal é esse fenômeno social, criado pela mente humana, por um aspecto específico da mente – que é o medo. Mas, por mais ilusória que seja a religião horizontal, ela tem um papel no jogo. Ela atende a uma necessidade social, até que a alma amadureça o suficiente para poder acessar a religião vertical, que traduz o significado mais profundo da palavra religião. 

 Religião vem do latim, que é religare - religação da alma individual com o absoluto - é sinônimo de yoga. Essa religião vertical se dá no silêncio, quando você puder entrar em comunhão com a vida, quando puder ir além da dualidade, além do eu e você.

Às vezes, é possível que você encontre um portal para essa religião vertical dentro de um templo. É possível, depende de muitas coisas. Às vezes, uma atmosfera é criada ali e propicia essa experiência, mas essa experiência é com você, dentro de você. 

Você tem acesso a Deus quando se libertar dessa imagem de Deus; assim como há pouco fazíamos um exercício para ir além do barulho, ir além daquilo que é impermanente, procurando sintonizar aquilo que é permanente, podendo, assim, entrar na alma do mundo. 

Para experienciar a verdade, você precisa ser livre. Só uma pessoa livre experiencia a verdade, livre de todo o condicionamento mental. Não se pode descrever a verdade, só é possível vivenciá-la. Você só descobre o que é o amor, amando. 

Você me fala aqui de uma experiência:

Pergunta: Amado Babaji, estou aqui há duas semanas e a prática do seva tem me trazido um grande aprendizado, dá o sentido de que trabalhar nessa obra de amor é trabalhar em nós mesmos, superando crenças e desfazendo máscaras. Cada seva me trouxe uma lição. Emociona-me quando você fala sobre a sangha. Você pode comentar? 

Sri Prem Baba: A sangha é uma extensão da sua família, é a sua família espiritual. Fazem parte da minha sangha todos aqueles que me reconheceram como mestre espiritual. Eles são meus filhos! 

Embora a sangha seja universal, às vezes se agrupa, se reúne, se junta para estudar, praticar e se desenvolver a partir dos ensinamentos que eu estou transmitindo. Isso potencializa tremendamente a possibilidade do desenvolvimento. Ao mesmo tempo, muitas vezes, acaba criando fricções. 

Quem é que não tem problemas na própria família? Quem é que, em algum momento na sua história, não achou que a família do outro era melhor que a própria? Quem é que, em algum momento da sua história, não quis não ter nascido naquela família? Essas coisas precisam vir à tona justamente para que você possa se purificar das suas identificações com sua pequena família; para que você possa se libertar do passado, que te faz reagir. É uma chance a mais para você se purificar das suas mágoas, seus ressentimentos, das suas projeções e poder crescer na amizade, na colaboração, na cooperação, na fraternidade. 

Enquanto você estiver carregando o passado, inevitavelmente você projetará seu passado em quem estiver ao seu redor, inclusive no mestre. O mestre que, muitas vezes, você não verá como sendo seu pai ou mãe espirituais, mas o verá como sendo seus malditos pai e mãe que não lhe deram atenção, amor nem acolhimento. 

Eu vejo isso como uma oportunidade a mais para você se libertar do passado e curar sua constelação familiar. Podendo, de fato, transcender essa identificação com o ego, reconhecer-se como um ser espiritual e entrar no campo do sagrado, do mistério. 

O sangha é o corpo do mestre. Trabalhamos para que o corpo seja saudável e possa trabalhar em harmonia, o que possibilita o propósito maior do mestre se realizar. O propósito maior do mestre é que você desperte, que você se encontre dentro dele, que vocês se reconheçam como um.  

O seva é, sem dúvida, um poderoso instrumento de purificação. Seva é serviço desinteressado - você coloca a sua energia a serviço dessa missão, dessa obra. Alguns colocam uma hora de sua semana, outros colocam o tempo todo. Alguns fazem seu trabalho no mundo como seva, mesmo que ele seja remunerado. 

De forma geral, o seva é um serviço voluntário. Às vezes, o karma está configurado de um jeito tal que o seu trabalho no mundo se transforma em um seva; existem diferentes arranjos e o seva está intimamente relacionado à consciência de que você faz parte da sangha. 

Ontem mesmo eu conversava com uma pessoa sobre situações que surgem em decorrência das purificações que ocorrem na sangha, em que a pessoa não se sente pertencendo ou não quer pertencer, e aí se revolta e começa a encontrar defeitos na sangha. Diz que a sangha é pouco gentil, não é acolhedora, exclui etc. Isso até pode acontecer, mas é importante perceber que talvez você esteja reclamando justamente de algo que você mesmo faz. Talvez, o que você esteja vendo é um reflexo de si mesmo, uma projeção. É uma oportunidade de ver o que está por trás dessa projeção. 

Por exemplo.

Pergunta: Amado Prem Baba, quão grato eu sou por ser parte de você. Obrigado. Tenho uma questão: O meu eu inferior e mente egoica gosta muito de ser o centro. Sempre pensa que sou algo muito especial entre as outras pessoas. Ele acha que é o centro das atenções, todos estão olhando para mim agora. Claro, porque eu sou tão incrível, bonito e etc. Sempre vem o pensamento de que eu sou o melhor, que sou melhor que os outros, o mais bonito e mais inteligente. Quando isso acontece, eu consigo perceber como orgulho, imagem inflada, egoísmo, julgamento e por aí vai. Mas o que está por baixo disso realmente? Como transformar o orgulho em humildade? Como fazer isso desaparecer? 

Sri Prem Baba: Vamos aos poucos. Primeiro, vamos reconhecer que quando um eu desse se manifesta dentro da sangha, aquele grupo terá um pouco de trabalho. Óbvio, porque se existe alguém que se sente tão superior, sempre haverá alguém que se sente a pior das criaturas. E é impressionante como essas criaturas se atraem! Inevitavelmente, elas se encontrarão. Se essas duas pessoas estiverem trabalhando no mesmo grupo, inevitavelmente, elas se chocarão. 

Eu considero um rico instrumento de trabalho, cada qual vai ter a chance de olhar para aquilo que a perturba. O que é que rouba a presença? O que faz você cair no vale do sofrimento? 

Nesse caso, você já tem consciência, percebe que tem orgulho - na forma da soberba, da arrogância, da vaidade – que gera separação. Independentemente de o aspecto do orgulho ser um complexo de superioridade ou inferioridade, porque são extremos da mesma coisa, nos dois casos estamos falando do orgulho. 

O orgulho está sempre a serviço de proteger um núcleo de dor. O que está por baixo desse mecanismo de defesa, eu não posso lhe dizer; mas eu posso te levar lá. Posso te mostrar, porque se eu te disser, você criará uma crença e mais uma defesa.  Para entrar nesse núcleo de dor, o ego tem de dar um cochilo. 

Se você estiver disposta a mergulhar nesse núcleo, ele acontecerá aqui durante esses dias, sem precisar fazer nenhum esforço. Apenas observe, apenas continue atenta, firme no objetivo de investigar: por que é que você precisa se sentir melhor que o outro? Por que é que você precisa se isolar? 

Quando você se coloca num lugar acima dos outros, você se isola. Do contrário, quando se sente menos, você também se isola. Então, por que é que você precisa se isolar? Por que precisa ficar entrincheirada, protegida? Talvez, a identificação com a soberba, dificulte a percepção de que você está fugindo de alguma coisa. Quando você está identificado com o complexo de inferioridade, logo percebe que está fugindo de alguma coisa, você sente vergonha e a vergonha acaba te ajudando a olhar o que é que está por trás. Procure a vergonha e você achará a dor. 

No caso da soberba, do complexo de superioridade, muitas vezes você não consegue perceber que está fugindo, nem que tem vergonha. Pelo contrário, você quer que as pessoas olhem para você, mas não que se conectem com você. A relação é superficial, não há intimidade, porque a porta do seu núcleo interior está fechada. Você não se permite ser íntimo. Você não se permite ser você mesmo.

Perceba que esse complexo de superioridade roubou a sua espontaneidade. Quem está tão preocupado e estar bonito o tempo todo, não consegue ficar à vontade porque está sempre preparado para ficar bem na foto e, com isso, não relaxa. Preste atenção: você está fugindo do quê? É assim que você se move para se desidentificar do mecanismo de defesa. 

Pergunta: Amado Guruji, ainda sobre a dor de cabeça. Quando as crises de enxaquecas começaram eu tinha seis anos e perduram fortemente até hoje, afetando a minha qualidade de vida. Também devo ir ao dentista? 

Sri Prem Baba: Talvez sim, talvez não. Porque, às vezes, existem formações na arcada dentária que podem estar gerando dor de cabeça. Então, acho que vale à pena investigar isso também. 

É diferente do caso de ontem, através do qual eu estava investigando a possibilidade de ter um canal mal curado, de ter uma intoxicação bem específica. Mas, às vezes, a formação da arcada dentária impede uma boa respiração causando uma dificuldade de oxigenação no cérebro que pode provocar a enxaqueca. 

Mas, aqui sim, podemos abrir para a possibilidade de ter causa transpessoal, de estar relacionado a traumas mais profundos, talvez ocorridos na biografia de 0 a 6 anos - mais especificamente nessa fase de 6 anos - quando a enxaqueca começou.  Há também a possibilidade de traumas intrauterinos, ou de estar na esfera transpessoal. Pode estar relacionado à mediunidade, à paranormalidade. É uma questão de investigar e você precisa de ajuda para isso.

Eu fico tocado com o fato de a pessoa não conseguir atrair um bom médico, bom terapeuta que a ajude a erradicar esses sintomas, essa doença. Essa é uma questão kármica, com certeza; porque uma pessoa que sofre tanta dor, procura ajuda faz tempo, mas não acha. Procura ajuda e não acha. Existe uma porta fechada para se livrar desse sintoma. E você deve bater na porta com mais força. Bate na porta, aperta a campainha e diga: “Abra, abra, abra”. Há de existir no mundo alguém que possa te ver de verdade e achar um caminho de cura. 

Eu aprendi que neste mundo tudo se cura. Às vezes, em alguns casos, demora. Há casos em que uma vida não é o suficiente para curar, mas, em algum momento, se cura. 

Independentemente de a causa serem os dentes, ou não, nós estamos falando de dor. E a dor é sempre resultado de uma contradição. Sempre o resultado de existir duas forças opostas atuando dentro do mesmo indivíduo, dentro de uma mesma área. Essa contradição tem de ser localizada. Às vezes, a dor não se manifesta como dor física, mas como sofrimento emocional. 

Por exemplo, uma contradição na área financeira - uma pessoa que tem dificuldade de ter suas necessidades materiais atendidas - isso gera muito sofrimento, especialmente quando você tem uma família para tomar conta. É uma fonte tremenda de perturbação, mas, também neste caso, há uma contradição - uma parte em você quer ter suas necessidades atendidas e dá o melhor para isso, mas a outra não enxerga que anda na contramão - e isso te quebra por dentro. Dessa quebra nasce a dor ou o sofrimento. 

Olha só como as coisas funcionam. Tudo está interconectado. Esse  pedido de ajuda para a libertação desse sofrimento, dessa dor tão antiga, vem no mesmo momento que nós estamos estudando a sangha, a família, a sangha como oportunidade para que você repare as relações com a pequena família, se liberte do passado e ir ao encontro da grande família. Mover-se do material para o espiritual, do pessoal para o impessoal. 

Perceba que há uma ligação. Por que os assuntos vieram juntos? Por isso, eu sugiro a você que dê uma olhada na sua família. Existe alguma questão aí e na família deve existir alguma questão com orgulho fora de controle gerando um conflito que até hoje não foi possível de ser dissolvido. Investigue e depois você me diz o que encontrou. 

Perceba que o que eu estou sugerindo é intuitivo, mas que obedece a uma lógica. É importante que você perceba, porque é assim que a vida funciona. Enquanto eu estou destrinchando essa história aqui, um ou outro pega carona. E, nesse trabalho de cura, purificação, transformação e transcendência; dentro desse caldeirão que estou mexendo, de repente um diz: “Ah, entendi!”. E outro diz: “Entendi!”. 

Um acorda aqui, outro acorda ali, outro acolá e essa energia de despertar vai se espalhando. Assim vamos ampliando esse campo de presença em que você tem percepção clara de tudo o que se passa consigo, tem clareza do seu caminho. 

Nós vamos conquistando isso pouco a pouco. Essa, talvez, seja mais uma forma de a gente compreender a metáfora de você se tornar o condutor do próprio veículo. 

Para aqueles que estão chegando agora, eu estou propondo um ciclo de austeridades como forma de preparação para o Mahashivaratri. Você escolhe uma austeridade inteligente que ajude a redirecionar os vetores da vontade, que te ajude a se libertar de alguma dependência. Mesmo que você esteja chegando agora, é possível entrar no trabalho. Sugiro que você passe um tempo do seu dia recolhido para se conectar com o trabalho que está sendo feito. 

Se você já sabe andar no mundo sem se distrair, ok, não precisa se recolher. Mas, se você sente que se perde, passe algumas horas quietinho, observando o rio correr, vendo a grama crescer, procurando perceber esse poder atuando em você, te guiando, mostrando aquilo que você precisa ver, te fazendo sentir o que precisa sentir, te libertando daquilo que você está pronto para se libertar. 

Abençoado seja cada um de vocês. Que possamos reencontrar a pureza na conexão com o mistério. Até um próximo encontro.

NAMASTE